Acervo Artístico: Através do "Sonho" e da pintura, Marcelo Tanaka faz da terra uma razão da própria consciência

Emanuel von Lauenstein Massarani
17/02/2003 18:40

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Os "Sonhos" de Marcelo Tanaka nascem, sem dúvida, da contemplação que a solidão do deserto ou da paisagem lunar sugerem. Existe na arte desse jovem artista a fantasia de paisagens outrora vividas e, ainda, um forte sentimento de alerta pela natureza que a terra está perdendo. A sua respiração anima freqüentemente a fantasia do pintor e a habilidade do poeta que, entre Bragança e Guarujá, encontrou o próprio mundo ideal para viver e produzir.

Reconstruindo no presente com apaixonada verdade e percorrendo com ânimo e com cultura moderna, o caminho de suas origens orientais, Tanaka desenvolve as imagens de uma história íntima e secreta com a luminosidade de um sonho vivido no tempo e transforma a realidade através do encanto da arte.

Através de uma hábil metamorfose dos motivos gráficos e pictóricos, podemos reconhecer os elementos simbólicos dominantes na sua arte. E a osmose contínua entre realidade e fantasia é revelada com extraordinária evidência, através de pinturas mais recentes e mais intensas do ponto de vista exclusivamente expressivo.

Alternando momentos de profundo exame da problemática existencial com momentos de profunda decantação, o artista revela em sua pintura, com nuances monocromáticas, vitalidade e precisão, e entra suavemente no reino mágico da poesia. Essa é a arte de um artista que fez da terra uma razão da própria consciência, à sua medida de homem e de poeta.

A obra doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, a primeira da série "Sonhos", transmite perfeitamente a assimilação de motivos abstratos e surreais, onde emerge a importância da matéria dentro de um movimento harmônico. O clima informal é bem definido em seu trabalho, graças à dialética entre a provocação material e a ordem estética.

O Artista

Marcelo Tanaka nasceu em Bragança Paulista, em 1966. Mudou-se para São Paulo com um ano de idade. Aos três anos, seu passatempo predileto era o lápis. Os primeiros rabiscos apareceram aos cinco anos, despertando a atenção de seus pais, que se transformaram nos maiores incentivadores da determinação do menino em ser pintor.

Seu primeiro professor foi Nobuyoshi Takashima, um velho amigo de seu pai, com quem teve aulas de língua japonesa, teorias, técnicas e sabedoria oriental, além de pintura com pastel oleoso.

Cursou Publicidade e Educação Física na Universidade, graduando-se em 1984 e 1989, respectivamente. A seguir, viajou para o Japão em busca de novos desafios e aprendizados. Retornou ao Brasil no ano seguinte, determinado a ser um artista abstracionista.

Entre as inúmeras exposições coletivas e individuais, destacam-se: Espaço Cultural Leonardo da Vinci, São Paulo (1998); II Coletiva de Artes Plásticas - Espaço Cultural Telma de Souza - Santos; I Salão Fauna e Flora do Brasil - Espaço Cultural Telma De Souza - Santos; Arte Paleta de Ouro 2000 - Teatro Municipal de Cabo Frio - Rio de Janeiro; Escola de Comunicações e Arte da USP, São Paulo; Espaço Cultural Dado Bier, São Paulo; Salas Vip da TAM - Aeroporto de Congonhas - São Paulo (2000); Mostra de Arquitetos e Decoradores, São Paulo; Mostra de Arquitetos e Decoradores, Campos do Jordão (2001); Hotel Blue Tree Towers, São Paulo; Palácio do Comércio, Maceió, AL; II Salão Comemorativo "São Paulo 448 Anos" - Universidade Santo Amaro - São Paulo; "Universo Feminino" - Universidade Santo Amaro, São Paulo; Elmi Galeria de Arte, São Paulo; "Solidariedade" - Casa da Fazenda - São Paulo; Sala São Paulo - Estação Júlio Prestes - São Paulo; "Formas e Cores" - Hotel Della Volpe - São Paulo; "Expressões" - D' Palombino Galeria de Artes - Alphaville - Barueri; VI Concurso de Artes Plásticas "Arte In Forma" Na Galeria Mali Villas Boas, São Paulo; 3° Salão de Arte Contemporânea Brasileira - Espaço Cultural Leonardo da Vinci, São Paulo (2002); Inauguração da Sala Vip da TAM no Aeroporto de Curitiba; Inauguração da Sala Vip da TAM no Aeroporto de Londrina; Hotel La Posta Del Gangrejo, Punta Del Este, Paraguai; Hotel Conrad, Punta Del Este, Paraguai (2003).

Doou duas de suas obras para o I Leilão "Arte Solidária", com toda renda revertida à Fundação Gol de Letra, gerida pelo esportistas Raí e Leonardo, no ano de 2002. Recebeu, em reconhecimento de seus trabalhos, numerosos prêmios, menções honrosas e medalhas de ouro e prata.

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