A grande chance

Opinião
28/05/2008 21:27

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Há muito tempo estamos batendo na tecla de que a sociedade precisa arregaçar as mangas e lutar pelos seus anseios, deixando de esperar apenas pelas iniciativas do governo, sejam elas quais forem. Não que ele não tenha responsabilidade, pelo contrário. No entanto, sendo o governo responsável por uma máquina pesada, preguiçosa, pouco confiável e até perversa quando se trata de devolver à sociedade os seus direitos, fica claro que o pobre contribuinte vai se desesperar quando precisar dos serviços, principalmente quando se trata de saúde pública.

Felizmente a sociedade deixou de lado a velha postura de aplaudir a suntuosidade, preferindo coisas mais práticas. Se os erros do passado nos mostram investimentos em fontes luminosas, grandes estádios (atualmente abandonados ou exigindo reformas), prédios públicos suntuosos, hoje nos permitem uma análise mais crítica e uma postura mais exigente quanto ao destino dos nossos investimentos. Isso foi possível ver com muita nitidez durante os recentes encontros em que estivemos participando, quando preparamos a peça orçamentária para o próximo ano.

Apesar da participação popular, ficou um quadro triste, na medida em que muitos homens públicos e lideranças políticas não tinham uma noção exata do que é orçamento, nem a sua importância para o Estado e para a sociedade. Como nota positiva, ficou a certeza de que muita gente ainda está disposta a dar a sua contribuição. Um exemplo é o trabalho desenvolvido pelos provedores e pela direção das santas casas de misericórdia.

Acostumados a administrar crises motivadas pela carência de recursos de toda ordem, esses homens e mulheres não hesitam na hora de lutar pelo aprimoramento do atendimento prestado à população, principalmente para os mais necessitados. É comum o trabalho filantrópico, a dedicação à instituição, em detrimento da família. Os problemas profissionais, familiares, particulares, ficam num segundo plano. O importante é o atendimento ao carente, o importante é a santa casa, o seu nome, tradição, seriedade, objetivos. Defendemos e acreditamos nessa forma de se arregaçar as mangas e ir à luta. Infelizmente, o poder público nem sempre age na mesma proporção, e acaba prejudicando ou retardando o trabalho das santas casas.

Por acreditar na seriedade dessas instituições é que estamos iniciando mais um trabalho, dedicado a buscar mais recursos para as santas casas de misericórdia. Pretendemos fazer com que parte do valor arrecadado pelas multas de trânsito seja destinado a essas entidades. Sabemos que a luta será árdua e que vai exigir muita negociação com o Congresso Nacional. E é exatamente aí que vamos ter de arregaçar as mangas. Estamos coletando assinaturas e esperamos que a sociedade participe, afinal, se ficarmos à espera de favores do governo, estaremos desperdiçando a grande chance de resolver ou amenizar os problemas dessas instituições, que estão sempre de portas abertas à população mais necessitada.



* Vitor Sapienza é deputado estadual pelo PPS

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