Saúde e Higiene debate tratamento de pacientes renais crônicos

Polêmica em torno da adoção de novo medicamento para pós-transplantados
11/12/2001 21:04

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DA REDAÇÃO (com fotos)

A Comissão de Saúde e Higiene da Assembléia Legislativa, presidida pelo deputado Alberto Calvo (PSB), discutiu nesta terça-feira, 11/12, o tratamento de pacientes renais crônicos no Estado. O debate contou com a participação do secretário estadual da Saúde, José da Silva Guedes, do médico Ruy Barata, diretor da Sociedade Brasileira de Nefrologia, e de representantes de associações de doentes renais crônicos de São Paulo e de Pernambuco.

Como conseqüência de denúncias apresentadas pela Associação Paulista dos Renais Crônicos (Aprec), a discussão foi marcada pela polêmica em torno da adoção pela Secretaria da Saúde de São Paulo de um novo tipo de ciclosporina, medicamento utilizado no tratamento de pacientes pós-transplantados. De acordo com João Carlos Ribeiro Nascimento, presidente da Aprec, existem informações contraditórias em relação a possíveis efeitos nocivos do remédio, produzido pelo laboratório Abbout. O transplantado João Carlos de Queiroga Maciel, de Pernambuco, indagou ao secretário se existe monitoramento da aplicação do medicamento. Segundo ele, alguns especialistas apontam para a possibilidade de a substituição do antigo remédio pela nova marca adquirida pela Secretaria causar intoxicação.

Guerra comercial

José da Silva Guedes declarou que as denúncias mascaram uma verdadeira guerra comercial entre os laboratórios. "Uma das cartas enviadas pela Aprec à Secretaria partiu do fax de um laboratório concorrente do nosso fornecedor", disse ele. O secretário afirmou que não há casos confirmados de intoxicação causada pela nova ciclosporina e exibiu certificado elaborado pela Associação Brasileira de Transportadores de Órgãos. "Se há uma coisa da qual o Estado pode se orgulhar, é o trabalho desenvolvido pela sua Vigilância Sanitária, que investigou os casos apontados e não comprovou nenhuma das denúncias", disse Guedes.

As declarações do secretário foram endossadas pelo representante da União dos Insuficientes Renais Crônicos de São Paulo, que pediu a abertura de uma CPI para investigar a ligação entre os laboratórios e algumas associações de pacientes renais.

Participaram das discussões os deputados Milton Flávio e Pedro Tobias, do PSDB, Mariângela Duarte e Roberto Gouveia, do PT, e Nélson Salomé (PL). Até o fechamento desta edição, a Comissão de Saúde e Higiene ainda não havia encerrado o debate.

alesp