Presidente do Senado Suíço visita Assembléia

Crise política brasileira e sistema suíço pautaram conversa
19/07/2005 18:29

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O vice-presidente da Assembléia, Jorge Caruso (PMDB), recebeu na tarde desta terça-feira, 19/7, comitiva suíça liderada pelo presidente do Senado daquele país, Bruno Frick. A visita se deu em caráter de cortesia, com troca de presentes e informações sobre os principais fatos políticos da atualidade.

Durante a conversa, o parlamentar suíço quis saber a opinião de Caruso sobre a gravidade da crise política brasileira. Caruso adiantou que não é a primeira vez que fatos e denúncias como as atuais assolam o cenário brasileiro, embora a atual crise tenha características próprias, jamais vistas na história política do país. Lembrou que o PT sempre fez da ética na política uma de suas principais bandeiras, daí o grande desencanto provocado pelas recentes denúncias.

Apesar disso, Caruso ponderou que a crise vai passar sem comprometer a economia nem as instituições políticas, porém, disse esperar que, ao final, haverá parlamentares cassados e processados. Acrescentou, ainda, que o fenômeno da corrupção, infelizmente, não se abate só sobre o PT, mas atinge igualmente outros partidos políticos que foram aliciados pelo partido do governo.

Imprensa

Apesar de apontar o significativo papel desempenhado pela imprensa no levantamento dos fatos, Caruso lamentou o destaque exagerado dispensado pela mídia nacional aos escândalos envolvendo parlamentares, o que leva a uma generalização inadequada. "Não são todos os políticos que podem ser acusados de corruptos no Brasil", afirmou. Concluiu que a imprensa só destaca os fatos negativos que envolvem a classe política. "Lei boa não vira notícia", ressaltou. Ao contrário, Frick minimizou o papel desempenhado pela imprensa na Suíça, lembrando que em 92, em referendo popular que negou a adesão parcial do país à União Européia, a imprensa defendeu, majoritariamente, a adesão, o que não se confirmou nas urnas.

Consciência política

Frick salientou ainda a grande confiança que o povo suíço deposita na classe política, debitando o fato à estabilidade da representação partidária naquele país, bem como à prática sistemática de referendos. Há vários partidos políticos na Suíça, porém com longa tradição, o que proporciona um quadro estável e compreensível para a população, explicou. Para ilustrar a confiança da população em seus representantes, relatou outro caso recente em que a população, através de um referendo, votou pelo aumento de impostos, o que classificou, jocosamente, como "masoquismo fiscal".

Caruso, ao contrário, lamentou a baixa conscientização política do povo brasileiro. Os eleitores brasileiros só se lembram em quem votaram para presidente e governador, acabando por se esquecer do voto dado aos deputados, o que impede, como disse, uma cobrança mais efetiva dos parlamentares e o aprofundamento da consciência política.

Jorge Caruso descreveu ao parlamentar suiço o sistema de governo vigente no Brasil. O visitante percebeu algumas semelhanças com o da Suíça. Lá existem três esferas político-administrativas, a federal, a estadual ou cantonal (cantões são a forma de designar os estados federados na Suíça) e a municipal. Em nível federal, assim como no Brasil, a Suíça tem também um sistema bicameral com uma câmara baixa e o senado.

No encerramento da visita, a comitiva suíça visitou o plenário do Palácio 9 de Julho, os plenários das comissões e pôde apreciar o acervo artístico da Assembléia.

alesp