Da Redação

O painel "Legislar, fiscalizar, investigar: os desafios do sistema representativo face às demandas da sociedade", foi o maior destaque do Programa de Recepção dos Deputados da 15ª Legislatura, realizado em 15/2 no Centro de Convenções Milenium. Teve a participação, na Mesa de Trabalhos, do procurador geral de Justiça, Luiz Antônio Marrey, da conselheira parlamentar pela Cultura de Paz, Lia Diskin, do representante da Fiesp, Fausto Cestari Filho, do diretor do Departamento de Comunicação da Assembléia, Sérgio Rondino, sob a mediação do diretor executivo do Instituto do Legislativo Paulista, Carlos da Costa.

A Mesa Diretora da Assembléia Legislativa e o Instituto do Legislativo Paulista foram responsáveis pela organização do evento que, iniciado às 9 horas, com intervalo para o almoço no próprio Centro de Convenções, encerrou-se às 19 horas, com um coquetel de congraçamento.

"Divulgar com interação"

O painel foi iniciado pelo pronunciamento do procurador geral da Justiça, Luiz Antônio Marrey, afirmando que a Procuradoria Geral sempre receberá com satisfação os parlamentares e aqueles que os acompanham, sobretudo no que se refere à fiscalização da administração pública.

"O Ministério Público conta com vários instrumentos para sua atuação", afirmou o procurador, citando o inquérito civil para a apuração de improbidade e a defesa do meio ambiente e do consumidor entre outros assuntos. O procurador salientou ainda que o Ministério criou grupos específicos de trabalho para a investigação do crime organizado.

Para o representante da Fiesp, Fausto Cestari filho, são três os pontos que a Assembléia Legislativa precisa aprimorar para melhor contribuir com a sociedade: comunicação, agenda e autonomia. "A comunicação precisa transpor o limite do unilateral e divulgar com interação, pois, se a comunidade puder fazer sugestões, a agenda de trabalhos do Legislativo estará em maior consonância com os temas que preocupam o povo."

Cestari afirmou que a maioria da população não consegue entender o processo político e, por isso, não se insere nele. "Assim, tudo fica por conta do que a mídia transmite e a Assembléia acaba se tornando refém dessa circunstância."

O representante da Fiesp concluiu sua participação falando sobre autonomia. "Ela traduz o principal papel da Assembléia que é o de fiscalizar."

"Somos herdeiros de uma cultura belicosa"

A conselheira Diskin lembrou a importância mundial de 15/2, quando 75 países realizaram simultaneamente manifestações pela paz. "O Conselho Parlamentar pela Cultura de Paz é composto por 36 entidades civis e se esforça para marcar presença neste mundo conturbado."

Sobre a tentativa de os EUA invadirem o Iraque, Diskin informou que há um ano 57% da população americana defendia a invasão. "Hoje, 59% dos americanos pedem a espera dos resultados da investigação da ONU. Isso é fruto de um trabalho silencioso que consistiu em encaminhar e-mails para os cidadãos, procurando conscientizá-los sobre a cultura de paz."

Para Diskin, a paz é uma instância que deve permear todas nossas ações. "Relacionar-se é um espaço com, o mínimo, duas pessoas. Não somos filhos de uma cultura pacífica, mas herdeiros de uma cultura belicosa que leva os jovens ao individualismo."

Segundo a conselheira, nós somos responsáveis pelos valores que passamos. "Temos reduzido a condição humana a produzir e consumir, como se não tivéssemos uma história de dignidade e de direitos e deveres", destacou Diskin, lembrando que a serenidade de pensamento deve permear o trabalho da nova legislatura.

"A mídia nem sempre é justa"

Sérgio Rondino destacou que a comunicação tem duas mãos de direção - levar à sociedade o que é feito no Parlamento e trazer o que vem da sociedade para o Legislativo. "Na última Legislatura a Assembléia realizou 271 audiências públicas com temas como racismo e violência."

Rondino disse que a mídia está em busca de informações que não sejam rotineiras e que, às vezes, na ânsia de novidades acaba sendo injusta. "Recentemente, um jornal noticiou a prestação de contas da 14.ª Legislatura da Assembléia com o título 'Platéia só aplaude feitos dos deputados'. Quem cobriu o evento só acompanhou a sessão solene e não participou da audiência aberta à imprensa e a representantes da sociedade civil, onde os dois ex-presidentes foram polemicamente questionados", citou Rondino, lembrando que o jornal publicou uma carta do Legislativo em resposta à notícia.

Para o diretor, é fundamental que cada um dos deputados tenha uma competente assessoria de imprensa. "É a melhor forma de o parlamentar divulgar seu trabalho e garantir que o povo tome conhecimento de seus projetos."