Dada a largada

OPINIÃO - Arnaldo Jardim*
14/06/2004 16:48

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No período de 10 a 30 de junho todos os partidos políticos deverão realizar suas convenções eleitorais, onde serão definidos os seus candidatos a prefeito, vice-prefeito e a chapa de vereadoras e vereadores. Além disso, estarão sendo definidas as possíveis coligações entre os partidos.

Antes desse prazo legal, muitos partidos buscaram antecipar essa discussão, por meio das pré-convenções, no sentido de apresentar à sociedade aqueles que serão os seus candidatos, e assim, dar início informal às suas campanhas. Campanhas estas que oficialmente só poderão ser iniciadas a partir de 6 de julho, mas que já estão nas ruas, em meio aos debates e as discussões que se estabelecem na busca de soluções para os diversos problemas da administração municipal.

Resisto, neste artigo, à tentação de falar de minha pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo: do que me anima; de que forma vou me apresentar à população paulistana; quais as minhas propostas; e com que expectativa o Partido Popular Socialista (PPS) se apresentará nessas eleições.

Permito-me fazer, antes disso, uma reflexão de cidadania. Nós vamos viver um processo eleitoral inédito. Pela primeira vez, essas eleições serão realizadas em meio a uma grande mudança política que ocorreu no País - simbolizada pela ascensão ao poder de um partido de esquerda e de origem popular.

Mais do que isto, nós tivemos o prazer de assistir a um processo de transição inédito, que consolidou ainda mais os ideais democráticos pelos quais muitos de nós lutamos.

Tudo isso cria condições para que, de uma forma inédita - espero eu, e trabalharei para isso - se estabeleça uma discussão bastante aprofundada dos problemas reais, criando alternativas viáveis para a melhoria da qualidade de vida do cidadão paulistano.

Não é de hoje que existe um evidente desencanto da população com a prática política. Não precisamos nem recorrer às inúmeras pesquisas que demonstraram este descontentamento; basta andar na periferia de São Paulo, ou qualquer outro lugar, para se deparar com a incredulidade em relação ao debate que se fará e sobre os possíveis benefícios que resultarão dele.

Temos que reverter isso, independentemente de uma ou outra colocação partidária; ou das candidaturas individuais; há de se fazer um exercício no sentido de incluir a população neste debate, para que esta volte a acreditar na atividade política provocando o exercício da condição democrática, tão arduamente conquistada.

Para tanto, precisamos trazer a sociedade civil organizada para a discussão. O exercício da cidadania extrapola o período de eleições e se perpetua no dia-a-dia de cada indivíduo; na sua luta diária por melhores condições nas áreas de educação, saúde, transporte, habitação, saneamento e etc.

Isto significa que precisamos diminuir a distância entre o cidadão e a administração pública, ou melhor, administrar junto com a sociedade, para que esta participe ativamente das discussões, nas quais será a protagonista e não meramente coadjuvante.

É certo que não conseguiremos esta mobilização falando simplesmente da sua necessidade, mas sim comprovando por meio do debate propositivo, que não seja mera peça de ficção; que não se concentre apenas nos esforços retóricos; que não seja simplesmente exercício de discursos inflamados; mas que simbolize, acima de tudo, o esforço de buscar soluções para os problemas crônicos que afetam a vida do paulistano.

Este será um momento para avaliarmos cada uma das propostas que serão apresentadas, a fim de verificar se são exeqüíveis, de qualidade e aplicabilidade compatíveis à realidade do erário.

A sociedade deve, durante o mandato do candidato eleito, acompanhar a implantação destas propostas, fiscalizando suas atividades como legítimo representante do povo.

Tenho testemunhado isso. Quando se estende uma mão limpa, competente e correta, a população não hesita em responder prontamente. O nosso povo é um povo de fé. Por isso é que quero fazer este apelo e assumir desde já o compromisso, de fazer deste momento eleitoral uma oportunidade de discutir claramente os problemas cotidianos do povo da nossa cidade. Desse modo, consolidaremos, ainda mais, o caminho da democracia brasileira.



Arnaldo Jardim, deputado estadual pelo PPS e engenheiro civil.

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