Demissão de bancários é tema de audiência


15/06/2004 20:47

Compartilhar:


DA REDAÇÃO

Por solicitação do deputado Mauro Menuchi (PT) foi realizada nesta terça-feira, 15/6, no auditório Franco Montoro da Assembléia Legislativa, audiência pública para debater propostas que possam coibir a demissão de bancários em todo o Estado de São Paulo.

Ao abrir a reunião, Menuchi, que também é bancário, sugeriu a criação de uma comissão de acompanhamento, com a participação efetiva dos deputados, para que seja feita a intermediação das negociações junto aos banqueiros que, segundo os componentes da mesa de debates, desrespeitam a legislação brasileira, não se preocupam com a qualidade dos serviços prestados à população e, de certa forma, obrigam os poucos funcionários que restam à rede bancária a trabalhar exaustivamente por salários baixos.

Eliminação de postos de trabalho

De acordo com Luis Cláudio, presidente do Sindicato dos Bancários do Estado de São Paulo, de 1994 a 2003 cerca de 500 mil bancários foram demitidos. "Houve redução de 50% do quadro funcional dos bancos. Não estamos falando em demissões, mas em eliminação de postos de trabalho", informou Luis Cláudio. Segundo ele, há cerca de uma década cada agência bancária tinha 50 funcionários, e hoje a média é de 15 funcionários por agência. Essa redução - enfatiza - prejudica diretamente os clientes e os usuários do sistema bancário. Os bancos investiram em tecnologia para que os usuários deixem de ir às agências. "Ao utilizar os sistemas de movimentação bancária via internet, telefone ou ponto de atendimento, o usuário paga R$ 0,10 e, ao usar o caixa bancário R$ 1,10. A diferença é pagar por um serviço que você mesmo realiza, porque o banco continua tendo lucro".

O presidente do sindicato ressaltou que o lucro dos 11 principais bancos do país atinge a cifra de R$ 13 bilhões. "Sendo assim, não se justifica eliminar tantos postos de trabalho. Principalmente porque os programas de demissão voluntária (PDVs) atingem os funcionários com mais de 20 anos de serviço e aqueles que estão prestes a se aposentar", relatou.

Juvandia Leite, secretária geral do Sindicato dos Bancários, informou que só no primeiro trimestre deste ano mais de cinco mil postos de trabalho foram eliminados," entre eles, 1.300 só no Bradesco".

A secretária do sindicato explica que as fusões e as incorporações dos bancos são responsáveis pela demissão de funcionários e eliminação de postos de trabalho e também pela queda da qualidade dos serviços. Além disso, a concentração de operações em alguns bancos os tornam mais fortes em detrimento do poder fiscalizador do governo e da população", informou Juvandia Leite.

Privatização à vista

Elias Maluf, funcionário da Nossa Caixa/ Nosso Banco, teceu várias críticas ao governo do Estado e à Assembléia Legislativa. Maluf enfatizou que o Parlamento paulista tem a obrigação de zelar pelo patrimônio público. "Há dois anos entregamos a esta Casa um abaixo-assinado, com 250 mil assinaturas, contra a venda de 49% das ações do banco. Até hoje a Assembléia não se manifestou", reclamou Maluf.

Inconformado com a maneira como os banqueiros e o governo tratam a categoria, Elias Maluf declarou que após as eleições municipais, provavelmente em janeiro de 2005, cerca de dois mil funcionários da NCNB serão demitidos. "Esperamos que essa parceria entre os sindicatos dos bancários e a Assembléia contenha esse violento processo de demissão", desabafou Maluf.

Descrédito financeiro

Os participantes do debate foram unânimes ao criticar a falta de investimento financeiro dos bancos em prol do desenvolvimento econômico e da geração de renda e emprego no país. "Fala-se muito em responsabilidade social, mas pouco ou nada se investe em linhas de crédito. A idéia, disse Tião, presidente da Fetec, é pesquisar as legislações estadual e nacional para detectar quais leis permitem a isenção fiscal do sistema financeiro. Só se pode beneficiar de isenção quem realiza ações sociais e cumpre a legislação".

Os representantes sindicais criticaram a posição do Santander/Banespa no país. "Eles não cumprem as determinações das nossas leis e não respeitam os direitos dos funcionários", disse Cido Sério, que entregou ao coordenador da audiência um dossiê sobre a atuação do banco no estado.

Os deputados Renato Simões, Candido Vaccarezza, Enio Tatto, Hamilton Pereira, todos do PT, e Nivaldo Santana (PCdoB) se solidarizaramm com os bancários e se colocaram à disposição da categoria para intermediar o processo de negociação com os bancos.

Neste domingo, 20/6, os bancários realizarão no Esporte Clube Banespa, em São Paulo, uma audiência para tratar de mais um benefício da categoria que está ameaçado: o fundo de pensão.

alesp