Diretores da Pollus Distribuidora fazem depoimentos divergentes na CPI


23/05/2002 20:02

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Da redação

A CPI dos Combustíveis da Assembléia Paulista ouviu na tarde desta quinta-feira, 23/5, os depoimentos dos diretores da Pollus Distribuidora de Petróleo, Paulo Franco Marcondes Filho e Valdemar Hailton de Mattos. A empresa, conforme caracterizou o presidente da CPI, deputado Edmir Chedid (PFL), encontra-se em concordata, após ter causado enormes prejuízos a outras distribuidoras e ao Fisco. Por trás das transações obscuras e do destino da Pollus aparece o nome do empresário Ari Natalino, superintendente da rede Petrofort.

Em seu depoimento, o diretor Paulo Marcondes informou que a Pollus encontra-se em concordata por ter enfrentado dificuldades advindas do corte de crédito por parte da Petrobrás já há alguns anos, o que a forçou a realizar todas as compras à vista, levando-a assim ao endividamento crescente até o colapso. Inviabilizada comercial e financeiramente, a Pollus teria se envolvido numa relação contratual com Humberto Duarte Lopes, pessoa que apareceu como interessada em assumir o passivo da Pollus dizendo-se amparada por Ari Natalino.

Segundo Marcondes, Ari Natalino não teria tido uma participação direta no contrato de venda e de assunção da dívida da Pollus com Humberto Duarte, figurando apenas como uma espécie de intermediário. Disse ter sido surpreendido ao saber, mais tarde, por meio de matéria do jornal Diário Popular, que o tal Humberto Duarte Lopes, com RG e CIC, havia falecido há 54 anos, o que levou ao encerramento do contrato e à continuidade da responsabilidade dos antigos sócios sobre o passivo da empresa.

O relator da CPI, deputado Arnaldo Jardim (PPS), questionou como uma pessoa já falecida pôde gerenciar a Pollus durante três meses e, depois de constatada a fraude, não terem os sócios apresentado denúncia à polícia nem qualquer ação judicial contra Ari Natalino. Indagado sobre acusações feitas por um dos sócios da empresa, Ricardo Daim, de que teria transferido R$ 15 milhões ao exterior, Paulo Marcondes negou as acusações.

Edmir Chedid peguntou sobre as relações da Pollus com pessoas do meio político. Uma das empresas associadas tem como sócio um deputado federal.

/N+/Divergências/N-/

O depoimento de Valdemar Hailton de Mattos foi objetivo e direto. Teria ocorrido na Pollus o desvio de combustível, fato que comprometeu a saúde financeira da empresa e causou prejuízos a outras distribuidoras. Ari Natalino teria então se apresentado a Valdemar como interessado em assumir o passivo e operar a base de Paulínia. O negócio foi acertado com Natalino, por meio de um intermediário, o falso advogado Humberto Duarte. "Ari Natalino passou o golpe na Pollus, é claro que esse morto é dele", afirmou. Acrescentou ainda o depoente que o contrato de venda foi assinado no escritório de Ari Natalino, em São Paulo, com a presença de todos os sócios da Pollus.

Valdemar informou que a base de Paulínia, hoje paralisada, mantém um vigia contratado pela Petrofort, que muitos dos equipamentos foram transferidos para outras bases de Natalino no Estado de Mato Grosso e que muitos dos documentos da empresa não podem ser acessados pelos antigos sócios. O ex-diretor da Pollus afirmou que não conseguiu entrar com uma ação contra Ari Natalino por não haver a concordância e o assentimento de seus sócios. O presidente da CPI, Edmir Chedid, indagou se Valdemar desconfiava se alguns de seus sócios teriam se beneficiado individualmente na transação com Natalino. A resposta foi negativa.

/N+/Quebra de sigilo/N-/

Os membros da CPI decidiram pedir a quebra de sigilo bancário de Paulo Marcondes para averiguar a suposta transferência de recursos para o exterior.

Na mesma reunião, o presidente da Floralcool, João Florentino Bertolo, prestou depoimento sobre o aumento repentino da venda de álcool hidratado para outros Estados em 2001 e transação comercial com a empresa Canabrava, suspeita de envolvimento em adulteração de combustível. As suspeitas da CPI recaem sobre operações com indícios de sonegação de impostos.

alesp