A precisão do desenho iconográfico de Gil Capuzzo: importante contribuição para preservar nossa memória

Emanuel von Lauenstein Massarani
09/06/2004 14:00

Compartilhar:


O percurso traçado por Gil Capuzzo para a sua caminhada artística prossegue com uma coerência pouco freqüente entre os artistas de nossos dias, geralmente inclinados a certo experimentalismo que, muitas vezes, acaba por sufocá-los.

O artista amadureceu e refinou-se sem perder a espontaneidade, o frescor e a limpidez de expressão, que são dotes preciosos de sua personalidade. Sua inclinação é fixar sobre o papel o que restou da memória histórica da cidade.

Seu traço denota uma caligrafia precisa, técnica e ilustrativa, espelhando perfeitamente o temperamento sensível e perfeccionista do autor que transforma seus desenhos em importante documento iconográfico do novo milênio.

Sua consciência de cidadão apaixonado por sua terra vê angustiado o progresso mal planejado destruir recantos poéticos e significativos de nosso passado. Seus desenhos a carvão, a lápis ou a nanquim, seguem uma linha repleta de preciosismos e detalhes.

Controlando racionalmente sua fantasia, o artista tende a se coligar, sempre mais, ao traço firme, de flagrante busca da precisão. Convivi e sente intensamente os problemas, as incertezas do mundo hodierno e acompanha com profunda tristeza o desaparecimento progressivo de marcos importantes de nossa história.

Há muitos anos, Gil Capuzzo persegue, com teimosia, esse objetivo demonstrando uma inteligência inovadora e revelando uma autonomia interior de sua inspiração: o valor global e real de sua poética. O desenho "O Coreto da Luz", doado ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, é uma contribuição à preservação da memória de nossa arquitetura, de nossos parques e dos nossos marcos e constitui uma importante homenagem aos 450 anos de fundação dessa "Paulicéia Desvairada".

O Artista

Gil Capuzzo nasceu em São Paulo, em 1937. Após concluir o curso científico no Colégio São Paulo de Piratininga (1958), ingressou na Associação Paulista de Belas Artes, onde iniciou seus estudos de desenho publicitário com o professor Nestor Peres e o de pintura sob a orientação do mestre Borghese.

Empregando-se nos escritórios de uma grande indústria, suas primeiras obras mereceram a atenção de um dos diretores da empresa, que para incentivar o jovem artista, transferiu-o para o departamento de projetos, no qual passaria a exercer funções específicas na área de desenho.

A fim de aprimorar sua técnica formou-se como técnico em arquitetura na Escola Técnica São Francisco de Borgia e freqüentou ainda cursos de caricatura, histórias em quadrinhos, desenho humorístico e desenho animado. Ao aposentar-se em 1988, após 37 anos de atividades gerenciais, retomou o desenho. A partir de 1995, voltou a freqüentar a APBA, assistindo aulas com os professores Luiz Fernando, Francisco Paco, Romeu Caiani e Godoy nas modalidades de desenho ao natural, modelo vivo e pintura.

Realizou exposições na Câmara Municipal de São Paulo, no Espaço Cultural S. E. Palmeiras, na Associação Paulista de Belas Artes, na Assembléia Legislativa, no Fórum Pedro Lessa, no Espaço Cultural Volkswagen e no Espaço Cultural Top Center.

alesp