Parlamentares e professores debatem a qualidade do ensino no Estado


23/03/2005 18:13

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O deputado Roberto Felício (PT) promoveu nesta quarta-feira, 23/3, o que ele chamou de 1º ciclo de debates para tratar da qualidade da Educação no Estado. A audiência, que contou com a presença de professores, alunos e representantes do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), abordou questões como a valorização dos profissionais da Educação e mudanças na grade curricular. Para falar sobre o tema, foram convidados o secretário da Educação de Taboão da Serra e ex-deputado estadual Cesar Callegari, o presidente da Apeoesp, Carlos Ramiro, e o secretário geral da CUT, João Felício.

Realidade assustadora

Conforme dados do Sistema de Avaliação de Educação Básica (Saeb) apresentados por Cesar Callegari, referentes ao período 2001-2003, os índices de absorção de conhecimento em todo o país é muito baixo. "No Estado de São Paulo a deficiência no ensino público estadual se deve à ineficácia do governo estadual na implantação do processo de municipalização da Educação", informou Callegari. Os baixos índices de aprendizagem nos diferentes níveis do ensino básico e fundamental são surpreendentes. Conforme o ex-deputado, só no Estado de São Paulo cerca de 50% dos estudantes têm baixo rendimento na aprendizagem da Língua Portuguesa e Matemática. O secretário lembrou ainda que nos próximos 10 anos, em decorrência da estagnação da taxa de natalidade, a tendência é haver uma drástica redução no número de estudantes em todo o país.

Outro tema abordado pelo secretário de Taboão da Serra é a mudança no sistema de financiamento do ensino fundamental, "que deve contar com a participação direta dos professores". Segundo Callegari, as conversas sobre a alteração desse sistema tem gerado discórdia entre as gestões municipal e estadual. "Dependendo da forma como for aplicada, o impacto dessa mudança será muito positiva".

Educação para o desenvolvimento

O presidente da Apeoesp, Carlos Ramiro, discorreu sobre a importância da Educação para o desenvolvimento da nação. "A escola pública tem o dever de produzir o saber, transformar o saber em ciência e a ciência em tecnologia, de preparar os jovens para o futuro", disse ele. Ramiro citou países que investiram em educação e tiveram grande desenvolvimento econômico. Entre esses países estariam os asiáticos, que teriam passado da posição de subdesenvolvidos para potências mundiais.

O problema, segundo Ramiro, é antigo: "Na década de 50 muitos países tiveram investimentos pesados em Educação. No Brasil, o investimento foi no setor industrial. Falta vontade política, não temos investimento adequado para uma educação de qualidade".

De acordo com o Censo 2000, o Brasil investe 4,9% do PIB em Educação, mas a Unesco recomenda um investimento de 10 a 11% para países em desenvolvimento. No Plano Nacional de Educação foi aprovado investimento da ordem de 7% para a Educação, mas o ex-presidente Fernando Henrique vetou a proposta.

"Precisamos pressionar para conseguir um salto de qualidade e trazer a universalização do ensino básico. São Paulo, que é o estado mais rico da nação, investe apenas 3,5% do PIB em Educação", afirmou Carlos Ramiro. "Nosso papel é cobrar investimentos dos governantes para que a escola atenda a demanda real da sociedade".

O deputado Palmiro Mennucci (PPS) também esteve presente no evento e disse que tem trabalhado todos os dias na Assembléia para melhorar o ensino no Estado. "Estou à disposição de todos os colegas professores, defendendo os pedidos do magistério, que vive em uma penúria".

alesp