Opinião - A educação


10/12/2010 16:37

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O Brasil participou de uma avaliação internacional chamada Pisa, coordenada pela OCDE (organização de nações desenvolvidas), a prova que analisou a educação em 65 países mostra que os estudantes brasileiros com 15 anos melhoraram em leitura, ciências e matemática nos últimos nove anos. Só que essa melhora é quase que esquecida quando vemos a posição do país nas três áreas; o Brasil ficou em 53º em leitura, 57º em matemática e 53º em ciências. Ficamos atrás de países como Cingapura, Portugal, Israel, Uruguai, México e Chile, na contramão do que ocorre aqui a China ocupou o primeiro lugar nas três referências.

O exame avalia essas áreas a cada três anos, só que nesta edição, a prioridade foi a leitura, em que a média brasileira avançou 4%. Decepciona-me ver que o país ainda está longe de ter uma educação no mínimo boa. É claro que melhoramos, mas ainda falta muito para alcançarmos uma educação de referência internacional ao ponto de nos orgulharmos de nossas escolas. A avaliação mostrou que o conhecimento médio dos alunos brasileiros permite apenas que eles entendam subjetividade simples em um texto, mas não consigam encontrar, a partir de trechos, a ideia principal da obra.

O relatório também destaca algumas dificuldades enfrentadas pelo Brasil, como o aumento do crescimento de matrículas ocorrido apenas recentemente; a existência de muitas escolas rurais com poucos recursos; e altas taxas de repetência. Para explicar o melhor desempenho, a pesquisa cita o aumento do gasto com educação (de 4% do PIB em 2000 para 5,2%) e a criação de indicador de qualidade (Ideb). O Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) avalia a cada três anos estudantes de 15 anos de países da OCDE e convidados, como é o caso do Brasil. A colocação do Estado de São Paulo na avaliação também deixou a desejar, o Estado ficou em 5º em leitura, 8º em matemática e 7º em ciências. O Distrito Federal ficou em primeiro ligar em todas as áreas.

É triste saber que o Brasil ainda engatinha na questão da educação e que São Paulo mesmo sendo o Estado mais abastado também segue esse caminho. O Brasil saiu da inércia que estava, mas não conseguiu destruir os obstáculos encontrados ainda nas séries iniciais do ensino fundamental que continua com um grande índice de repetência, o problema é que essa fase é importante para o desenvolvimento da crítica e também da leitura. O que ocorre é que a maioria das crianças, e porque não dizer adolescentes e até mesmo adultos, acha a leitura algo muito chato e cansativo e desistem de conhecer outras obras quando se deparam com alguma de difícil compreensão. Por isso é fundamental o papel do professor como agente orientador e incentivador de qualquer leitura.

O professor precisa contextualizar a obra de maneira que o aluno compreenda o seu significado. O estudante deve entender que qualquer livro, mesmo o mais difícil em uma primeira análise, deve ser descoberto e compreendido. Boa parte dos estudantes deixa de se interessar pela leitura quando se depara com alguns clássicos de difícil compreensão, mas isso pode ser evitado com conversas e discussões em sala de aula. Alguns professores e até mesmo escolas permitem que professores de áreas distintas interliguem suas matérias de modo que o aluno entenda a obra da aula de literatura por meio do contexto histórico em que ela se situa e até mesmo geográfico, passando pela critica social da época; desta forma o estudante passa a entender na totalidade como aquele livro foi escrito, em que condições e o que se passava na cabeça do autor, fazendo com que o leitor vivencie aquela história. O problema é que muitas escolas apenas indicam o livro como parte da exigência curricular, mas se esquecem de provocar o aluno, estimulando ele a refletir e discutir o que leu com seus colegas de sala. É importante também utilizar temas atuais para conversar em sala de aula, esse tipo de aula é fundamental, pois trará lembranças e consequências para a vida adulta.

Muitas escolas buscam estimular os alunos apenas a estudar para obter bons resultados no vestibular para que assim a instituição possa se destacar dentre todas as outras, mas o que realmente tem importância é como todas aquelas matérias serão utilizadas em seu dia a dia de forma a trazer um crescimento pessoal. O problema ainda mais grave é saber que 19% dos brasileiros de 15 anos nem participaram do exame, por já estarem fora da escola ou não terem alcançado a primeira das séries avaliadas pelo Pisa (sétimo ano). Aumentar a qualidade sem aumentar a desigualdade educacional como fez o Chile ainda é o principal desafio do Brasil.

Vamos torcer por melhoras e começar a mudança dentro de nossos lares, os pais também podem estimular a leitura de seus filhos, acompanhando e discutindo sobre a importância de cada obra apresentada em sala de aula ou mesmo apresentando novos livros. O Brasil precisa crescer, mas não apenas economicamente, porque para sermos uma nação de destaque é importante que tenhamos pilares fortes, e nada melhor que a educação para formar e manter uma nação firme e em constante desenvolvimento.



*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e presidente estadual do partido. Participa das comissões de Defesa dos Direitos do Consumidor e de Economia e Planejamento da Assembleia.

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