A VIOLÊNCIA E A TEORIA NA FEBEM

Afanasio Jazadji*
29/03/2001 16:13

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O placar da violência da Febem passou a registrar mais uma vítima fatal: o monitor Renato Feitosa de Araújo, de 28 anos, que trabalhava na unidade de Franco da Rocha, foi trucidado por menores infratores durante a rebelião de 11 de março. O funcionário Renato, que trabalhou na Febem durante sete meses, foi baleado no abdome por um interno, em mais um motim sangrento. Renato, solteiro, estava noivo e pretendia casar logo. Fazia apenas uma semana que ele havia comprado seu primeiro automóvel. O monitor da Febem, assassinado, era responsável pelo sustento da família, a mãe e um irmão. Foi morto de modo cruel, com a mesma barbaridade que levou menores da Febem a ferir dezenas de pessoas naquela rebelião. E tudo mostrado pela TV.

Pois bem, o procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, José Geraldo Brito Filomeno, veio a público para informar que o Ministério Público vem tomando providências sobre denúncias de tortura em nosso Estado, incluindo a Febem. O novo presidente da Febem, Saulo de Abreu Filho, havia afirmado que o próprio Ministério Público Estadual não está fazendo a sua parte em relação às denúncias de tortura de menores por funcionários da instituição. E o procurador-geral rebateu.

Claro que existem torturas na Febem. Mas são principalmente torturas de pivetes contra funcionários da instituição, como se observou na rebelião. Algumas áreas do governo do Estado chegaram a atribuir o problema a funcionários corruptos, que estariam entregando armas para os menores internos. Entregar arma para ser morto em seguida?!! Evidentemente, essa tese está completamente furada.

A exemplo de inúmeros cidadãos de bem, eu gostaria de saber onde estava o padre Júlio Lancelotti no momento do enterro do funcionário Renato, vítima dos menores violentos da Febem. O padre Lancelotti, da Pastoral do Menor, vive dando entrevistas para criticar o que o governo faz para reprimir a violência dos adolescentes infratores. O que pouca gente sabe é que esse padre é funcionário da Febem há 25 anos. Portanto, o padre Júlio Lancelotti ganha salário do governo estadual e deveria respeitar o estatuto do funcionário público, que o obriga a ter um comportamento adequado, sem fazer críticas à administração pública do jeito que ele constantemente faz. Estou querendo saber qual a atividade do padre Lancelotti na Febem, quanto ganha, onde marca ponto?

Considero importante que a Igreja Católica e outras religiões participem do apoio à luta dos governos estadual e federal para reduzir os problemas sociais em São Paulo. Mas esse tipo de ação deve se limitar à ajuda física e espiritual, nunca com uma participação política que acaba contrariando o próprio governo.

Aliás, não se pode negar que o novo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, vem fazendo um esforço no sentido de acabar com um dos graves problemas da população paulista, que é a falta de segurança. Tenho esperança, por exemplo, de que ele acabe com uma das invenções do governo Mário Covas, o Proar da PM, pelo qual os policiais que participam de ações violentas contra bandidos são afastados das ruas e ficam se reciclando por seis meses ou um ano. Policiais com até 30 anos de carreira acabam sendo entrevistados por inexperientes psicólogos. Isso, certamente, vai acabar.

alesp