A lição de Obama para todos nós

Opinião
13/11/2008 17:34

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A eleição de Barack Hussein Obama para a Presidência dos Estados Unidos foi o ponto culminante da dificílima caminhada iniciada por Rosa Parks ao desencadear o boicote aos ônibus em Montgomery, Alabama e que passou, ainda, pela luta pelos Direitos Civis e pela "Marcha para Washington por Emprego e Liberdade", liderada por Martin Luther King.

O que existe por trás desse afrodescendente e filho de muçulmano que de forma surpreendente arrebatou a simpatia e a torcida de milhões de pessoas, não só no seu país, como também mundo afora?

Na verdade, o que fica patente, é que se trata de um homem em perfeita sintonia entre aquilo que ele é, com aquilo que faz e com aquilo que se propõe a fazer e, de tal forma é assim, que sua fala exala firmeza e inspira confiança. Isto, aliado ao conjunto de idéias que defendeu na campanha, deu aos americanos, assim como a muitos outros povos, a certeza de ser ele o homem certo para liderar as ações necessárias para enfrentar os desafios deste momento que vivemos.

Mas, independente da crise econômica, americana e mundial, e do desgaste de George Bush, tenho comigo que a eleição de Obama tem outras características e, por que não, lições.

A eleição de Obama leva todas as pessoas que se autolimitam a reverem seus conceitos e a realimentarem suas aspirações. Ele fez a escolha certa: lutar pelo que queria, e de forma nobre, pois foi o primeiro a afastar do tema principal em seus discursos o que muitos, no lugar dele, explorariam, que é a questão racial. Enfrentou sim, não uma, mas duas eleições, pois a disputa interna do seu partido foi tão difícil quanto a própria eleição.

Nos momentos mais acalorados da disputa, frente a acusações de intolerância religiosa e até envolvimento com terrorista, evidenciou seu preparo ao reagir a elas com serenidade e equilíbrio.

Encarnando o carisma e a força dos predestinados, ampliou seu discurso para além dos eleitores do seu partido, falando ao coração de todas as pessoas, até mesmo as de outras nacionalidades.

Aqueles que dele esperam a solução para todas as coisas poderão decepcionar-se eis que ele não é, como ninguém é, uma pessoa infalível ou com superpoderes, mas é certo que está imantado por uma força que lhe permitirá boas possibilidades para promover grandes transformações.

Sua eleição, há tão pouco tempo tão improvável, quase impossível, é daquelas coisas que de tempos em tempos ocorrem como se Deus lembrasse a toda a humanidade que o impossível, o improvável, acontece.

Ocorre-me que, talvez, o primeiro exemplo assemelhado com este seja o de um hebreu, José, que governou o Egito.

Na minha visão, o valor deste episódio não está restrito apenas à conquista do poder, ou à importância do cargo. Ele traz, sobretudo, uma lição, a qual cativou milhões de pessoas mundo afora, a de que o que somos e o que podemos ser não depende da cor de nossa pele ou de qualquer outro fator parecido, mas sim dos princípios que norteiam nossa vida e a intensidade com que buscamos realizar nossos ideais.

Que Deus o abençoe, Obama, e lhe dê sabedoria, para que seu governo promova paz e prosperidade entre todos os povos!



* Jonas Donizette (PSB) é deputado estadual e líder da bancada do PSB na Assembléia Legislativa de São Paulo

alesp