Evento debate a cultura negra paulista


11/11/2008 19:46

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Realizou-se nesta terça-feira, 11/11, o evento Diáspora Africana - Pensando as várias formas da cultura negra paulista, com a intenção de ser o primeiro colóquio paulista sobre a cultura da população negra no Estado de São Paulo, e que contou com a presença de representantes de diversas entidades da cultura negra e do ministro da Cultura, Juca Ferreira. Foram avaliados a implementação e o mapeamento de ações culturais para a população negra urbana, quilombola e ribeirinha paulista e o resgate histórico entre a cultura da população negra.

Após abertura, feita com apresentação musical de Rick Negão, passou-se à conferência Pensando as várias formas da cultura negra paulista, sob mediação de César Augusto, do Instituto Brasileiro de Eco-Desenvolvimento (Ibed) entidade organizadora do evento. A primeira convidada, Elisabete Pinto, da Coordenadoria da Saúde da População Negra de São Paulo, questionou o que é a cultura negra, apontando que neste setor também há exclusão social e política. Por isso, segundo Elisabete, é necessário redefinir a cultura negra no Brasil, "país que diz ser ao mesmo tempo mestiço e racista".

Maria Aparecida de Laia, da Coordenadoria Especial do Negro (Cone), narrou sua experiência na Secretaria de Cultura na criação de políticas voltadas para a população negra, resgatando as questões de herança cultural para além da Lei 10.639/2003, que inclui no currículo da rede de ensino aulas sobre história e cultura afro-brasileira. A seguir, foram realizados debate e apresentação de propostas, para elaboração de documento norteador do evento.

Maurício Pestana, representante do Conselho Nacional de Política Cultural, falou dos avanços na área cultural a partir da gestão de Gilberto Gil no Ministério da Cultura e fez reflexão sobre a história e a cultura afro-brasileira.

O presidente da Fundação Palmares, Zulu Araújo, falou da história da escravatura, e afirmou que "embora 50% da população brasileira seja de origem africana e apesar da nossa propalada democracia racial, os negros não conseguem chegar nem perto de eleger um presidente, como aconteceu nos EUA, país com 12% de afrodescendentes na população, e com história de medidas racistas explícitas, abolidas há apenas 50 anos. A eleição de Barack Obama deveu-se à instituição nos EUA das políticas afirmativas".

O trabalho da Fundação Palmares, continuou Zulu Araújo, é inaugurar um novo momento de relação do povo brasileiro com a cultura negra, que já está assimilada, a ponto de manifestações de origem africana, como a capoeira e o samba, terem se tornado patrimônios culturais do Brasil.



Ministro e deputados

No fechamento do evento, a mesa foi composta pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, os deputados Olimpio Gomes e Vanessa Damo, ambos do PV, Raul Marcelo (PSOL), José Candido e Adriano Diogo, do PT, Ed Thomas (PSB), o presidente da Fundação Palmares, Zulu Araújo, e a diretora do IBED, Monica Trigo.

O deputado Adriano Diogo falou que a Assembléia "sente-se honrada em receber, pela segunda vez, o ministro da Cultura" e Olímpio Gomes saudou o ministro falando "do peso que sua presença confere a um evento singelo, mas de enorme importância para a cultura negra". Olimpio, que é colega de legenda do ministro, saudou a forma correta com que Juca tem defendido as propostas do PV no plano federal e ensejou que essa atitude "ilumine os caminhos do partido em São Paulo".

O ministro da Cultura confessou-se um militante antigo de movimentos pela igualdade racial, e defendeu que as pessoas não sejam apenas contra o racismo, mas que se posicionem na defesa das causas da igualdade racial. Juca Ferreira lembrou que a igualdade racial recebe, no presente evento, o apoio de setores envolvidos com a sustentabilidade e esse entrelaçamento entre igualdade racial e sustentabilidade fortalece a democracia. O ministro falou ainda que, em recente reunião regional realizada em Cartagena das Índias, na Colômbia, por governos da América Latina e Caribe, para pensar políticas públicas de valorização da cultura negra, a discussão sobre o papel do Estado colocou em relevo a posição do Brasil, citado pelos representantes de outros países como exemplo na luta pela superação do racismo e pelo respeito à diversidade cultural.

Juca Ferreira lembrou que a primeira luta de negros que se rebelaram contra a escravidão e fugiram para fora do círculo da escravidão criando um quilombo aconteceu na Colômbia. "Esse quilombo existe até hoje e é um marco da resistência dos negros". O ministro disse ainda que o Brasil não pode ser compreendido sem levar em consideração a matriz africana e sua contribuição nas artes, na culinária e na religiosidade.

O ministro falou ainda que as ações contra as diferenças se reproduzem e avaliou que a próxima geração de negros vai ser muito diferente da atual, com negros ocupando cargos de maior importância social, graças às ações de integração que o governo Lula tem realizado, como a implantação do regime de cotas para a educação, que é responsável por mais de 200 mil negros nas universidades. O ministro lembrou também que os programas federais incluíram socialmente 30 milhões de brasileiros, negros em grande parte, dando-lhes cidadania. "É muito pouco para o país que apresenta a segunda maior desigualdade social do mundo, mas é um começo importante".

Durante o evento foi apresentada uma coleção de fotos de Holanda Cavalcanti com imagens de negros e aspectos de sua cultura em diferentes regiões do planeta.

alesp