Fascínio de indefinível magia: o "surrealismo metafísico" de Eduardo Alves da Costa

Emanuel von Lauenstein Massarani
21/03/2003 17:42

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O surrealismo foi, na linha da sensibilidade e da criação, a manifestação coletiva mais importante do século XX. Transgressão das leis e das fronteiras dos "gêneros", contestação política pela arte e da arte pela política, articulação da expressão a uma ciência do homem que deseja colocar um fim à ilusão da autonomia e da responsabilidade da consciência subjetiva e da consciência refletida.

As composições surrealistas de Eduardo Alves da Costa são de uma elegância e de uma criatividade pouco comuns e não fáceis de serem encontradas na atual contemporaneidade pictórica. A construção do tema e sua criação formam um conjunto de atualidade com tons colorísticos.

Suas impressões se tornam recuperação humana e poética de lembranças de seres e objetos, que desapareceram ou convivem com o pintor, dele derivando aquele vôo romântico e uma tonalidade radiante que se destaca de sua pintura e que provêm da figuração do gênero.

Eduardo Alves da Costa parece ter encontrado uma linguagem mais pessoal e cativante no uso das cores puras e no traçar de linhas que atravessam por inteiro a superfície da tela. As suas obras, ora submersas em atmosferas metafísicas, ora verdadeiros e próprios símbolos de sentimentos e sensações, constituem o meio entre a concretização de uma lembrança fixada na "memória" e a livre expansão do inconsciente sobre a tela, sustentada sempre por um golpe de vista e o sentido da configuração.

As relações figura-conjunto, a clareza dos tons, o sentido do volume entre o interior e a figura, além da motivada construção temática são demonstrações de uma conceitualização elaborada que alimenta a obra. Os tons escolhidos e o fundo compacto, visível de uma abertura ornamental, são a demonstração que a própria composição é válida como obra.

Como em "Fafa e Fafi", obra doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, Eduardo Alves da Costa compõe uma história ou se quisermos formula uma confissão, pois agregação de formas e de cores se desprende um fato interior, com seus lances de alegria e de esperança e seus desenvolvimentos na amargura e na dor. Em resumo, o drama humano estabelece com o observador um elo imediato, envolvendo-o e levando-lhe o fascínio de uma indefinível magia.

O Artista

Poeta, escritor e artista plástico, Eduardo Alves da Costa nasceu em Niterói, no ano de 1936. Aos dois meses de idade veio para São Paulo, onde estudou com os Irmãos Maristas. Formou-se em direito pela Universidade Mackenzie, em 1962. Freqüentou, durante oito anos, o atelier de Mario Gruber e pintou seu primeiro quadro em 1982. É autor de várias obras literárias desde 1960.

Realizou exposições coletivas e particulares na: Galerie Dina Vierny, Paris, França (1999); Embaixada do Brasil na Holanda, Haia; 5 Continenten 1 Wereld - Galerie & Beeldentuin Laerken, Amsterdam, Holanda; Galerie Kühn, Berlim, Alemanha (2000 e 2001); Plusgalleries Antwerpen, Bélgica; Galerie Birkenried, Gundelfingen, Alemanha (2001); Pinacoteca de São Paulo; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro (2002).

Possui várias obras em importantes acervos oficiais e particulares na Europa e no Brasil, como na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

alesp