O deputado Wadih Helu (PPB), que dedicou quatro anos de mandato à crítica da política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso, teme agora que o governo Lula repita os mesmos métodos. Segundo Helu, quando o PT aceitou participar do processo de transição arriscou-se a ser engodado por FHC. "No governo, Lula está constatando a realidade." O deputado pepebista leu artigo do jornalista Clóvis Rossi, intitulado A aposta no que fracassou, publicado pelo jornal Folha de S. Paulo nesta sexta-feira. O articulista compara o crescimento médio de 1,6% ao ano da economia brasileira nos anos 80, chamados de a "década perdida", com a meia década correspondente ao segundo mandato de FHC, que experimentou, entre os anos 1998 e 2002, um crescimento médio anual de 1,63%. A política econômica do período consistiu na adoção do dólar flutuante, dos superávits fiscais, das metas de inflação e dos juros sistematicamente elevados. "É só somar um mais dois e chegar à implacável conclusão de que esse tipo de política ou é um enorme fracasso ou, para colocar a coisa de forma piedosa, é incapaz de produzir crescimento econômico", diz Clóvis Rossi ao alertar que o que não deu certo em 1998 também não dará certo agora. Wadih Helu avança na interpretação dizendo que além do risco de persistir no erro, Lula carrega uma culpa histórica. "Inconscietemente, ele é responsável pela passagem de Fernando Henrique pela vida política. Em 1978, Lula pediu votos aos metalúrgicos de São Bernardo para eleger Fernando Henrique para a suplência do Senado. Graças a Lula, ele conseguiu." Em 1982, continua Helu, Montoro deixou o Senado para ser governador e seu suplente subiu, para daí em diante perseguir carreira até a presidência. "Lula tem responsabilidade."

Helu espera que o governo petista não autorize aumento dos preços dos combustíveis, pois, segundo ele, o Brasil produz 85% do petróleo que consome, não se justificando portanto que o preço interno seja sitematicamente atrelado às flutuações da cotação internacional do petróleo.