O testemunho realista de Cezira Colturato transmite uma mensagem de serenidade e de paz

Emanuel von Lauenstein Massarani
13/07/2004 14:00

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A pintura de Cezira Colturato é uma pintura "empenhada", não no sentido deturpado politicamente. É "empenhada" porque sabe colher, quase no estado incônscio, os aspectos mais humildes e às vezes mais miseráveis da realidade contemporânea brasileira. É "empenhada", com a lucidez e a clareza de quem conhece e medita sem falsas contorções pictóricas, para transmitir uma mensagem social de serenidade e de paz.

A artista não ama o abstrato nem o metafísico, a sua atenção está direcionada aos aspectos mais humildes e mais simples - os mais autênticos - de nosso país. Não àqueles dos bairros "nobres", mas àqueles escondidos no centro das cidades ou nos bairros periféricos, onde permanece enclausurada, como um sopro de vida, a alma genuína da grande metrópole.

Sua pintura é o testemunho romântico e realista desse mundo, todo envolvido em um sopro de inocente e singela poesia. Nada em suas telas é deixado ao acaso, nada é improvisado, mas tudo obedece a um discurso coerente, onde o conceito expresso a cada vez encontra o seu veículo de mensagem na forma de estilo escolhida.

Mesclando desenho em grafite, pintura a óleo, colagens de materiais diversos e pastel seco e oleoso sobre tela, a artista consegue obter uma composição esmerada na qual cor e textura se fundem dentro do maior rigor.

Outra coisa que se destaca em suas obras é a riqueza de temas e de tons bem como a variedade das composições adotadas para solucionar o eterno dilema forma - conteúdo. O discurso de Cezira Colturato se articula sobre os vários problemas atuais e sempre com o empenho autêntico e vivo: "Se essa rua fosse minha...", "Razão de existir", "Sem amanhã", "Paisagem urbana", "Ofertório", "Infância proibida", são títulos de algumas de suas obras mais recentes, que por si só deixam entender a complexidade da inspiração.

Nas obras "Juntando sonhos" e "Chão que sustenta", doadas ao Acervo Artístico do Parlamento Paulista, a artista infunde um particular estilo pictórico que rende inconfundível sua forma artística, além de terem um evidente significado simbólico.

A Artista

Cezira Colturato nasceu em São Paulo, em 1942. Formou-se em Direito mas, fascinada pela arte desde muito jovem, realizou cursos de pintura, desenho artístico, composição, figura humana com modelo ao vivo e análise de obras de arte no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, a partir de 1989.

Posteriormente freqüentou o atelier do artista plástico Alfredo Carlos Del Santo Silva, onde conseguiu aprimoramento maior, participando inclusive de oficinas de experimentação e linguagem contemporânea.

Em 1997 e 1998 concluiu cursos sobre a história da arte ocidental e a evolução das artes brasileiras na Fundação Mokiti Okada, dirigidos pelo crítico de arte Alberto Beuttenmüller.

Desde 1993 participa de exposições individuais e coletivas, em espaços de arte na capital e em cidades do interior de São Paulo. Entre as mais recentes destacam-se a do Espaço Cultural do Conjunto Nacional, SP (2000); Museu João Batista Conti, Atibaia, SP (2000 e 2001); Expo di Padova, Padova, Itália (2001); Museu Nazionale di Villa D'Este, Roma, Itália (2001); Exposição Trinacional (Brasil - Argentina - Uruguai) (2002) e a IV Biennale D'Arte Internazionale di Roma, Roma, Itália (2002).

Recebeu medalha de ouro no Salão de Artes de Atibaia, medalha de prata na coletiva de arte da Biblioteca Monteiro Lobato, em 1997, em São Paulo e o Grande Prêmio "Regione di Lazio, 2001", em Roma, Itália. Foi catalogada no Anuário Latino - Americano de Las Artes Plásticas (2001), editado na Argentina.

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