Da assessoria da Liderança do PT Os deputados Antonio Mentor, Beth Sahão, Enio Tatto, Ítalo Cardoso e Mário Reali, do PT, realizaram nesta quinta-feira, 18/9, diligência na Unidade de Atendimento Inicial (UAI) da Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem), no Brás, onde constataram superlotação, ociosidade e exposição a condições insalubres. Mentor, líder do PT na Assembléia, é autor de pedido de CPI para apurar irregularidades na Febem.Com capacidade para 62 pessoas, a unidade abriga hoje 652, tem apenas oito chuveiros e sete vasos sanitários. Em cada dormitório há apenas 10 camas para 50 internos e, por falta de espaço físico, os menores são obrigados a dividir colchões espalhados no chão. Na UAI, que recebe diariamente cerca de 20 menores das diversas regiões do Estado, 54% das internações resultam do envolvimento em roubo e tráfico de drogas. O Estatuto da Criança e do Adolescente determina que os internos fiquem por até 72 horas na unidade, mas a média é de 90 dias de permanência no local. Outra determinação do Estatuto é a separação dos jovens por porte físico e grau do delito cometido, e entre reincidentes e primários, mas não é feita nenhuma distinção. Por não ser um espaço de internação permanente, não existem na unidade atividades pedagógicas ou qualquer tipo de ocupação para os adolescentes. Os menores são obrigados a permanecer o tempo todo sentados no chão com as pernas dobradas, assistindo a vídeos em celas minúsculas, proibidos de conversar. "A imagem daqueles adolescentes sentados no chão, imóveis, sem poder sequer falar uns com os outros, me fez pensar em campos de concentração nazistas. É chocante demais", afirmou a deputada Beth Sahão, que fez parte do grupo.Faltam também funcionários: há 30 agentes para atender toda a unidade e a carga horária de trabalho chega a 36 horas. Os deputados pediram a entrega de documentos e cartões de ponto dos trabalhadores que estavam de plantão, mas não foram atendidos. Os resultados colhidos pela diligência serão anexados ao pedido de CPI, encaminhados à Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, presidida pelo deputado Renato Simões (PT), e entregues à relatora de execuções sumárias da ONU, Asma Jahangir, que visitará a comissão na próxima semana.