O encontro realizado no último fim de semana, no qual o PPS comemorou os seus mais de 620 vereadores no Estado de São Paulo, mostrou a força e a capacidade de aglutinação do partido. Além de uma expressiva militância, estiveram presentes lideranças do PTB, PDT, PC do B, PV e de outras siglas partidárias.Foi uma demonstração clara da força e da capacidade de articulação do PPS e de seu candidato. Porém, cabe uma análise cuidadosa dos desafios e riscos da candidatura Ciro Gomes. O primeiro risco que a candidatura enfrentou, mas já superou, foi em relação ao tempo no horário gratuito eleitoral de rádio e televisão. Embora a candidatura ostente índices surpreendentes e invejáveis, de 15% a 20% da preferência popular, sabemos que uma eleição num país continental como o Brasil depende do peso decisivo da televisão. Com a aliança já consolidada com o PTB e a possibilidade de ampliação com outros partidos, esse risco já não existe mais. Um segundo risco seria Ciro Gomes ser sufocado por uma hegemonia do PT na oposição, na medida em que o PT é o partido mais numeroso e majoritário da oposição brasileira e que tem na candidatura de Lula uma expressão dessa sua força e vitalidade.Porém, sem fazermos nenhum proselitismo conservador, temos que ser muito objetivos e reconhecer que tudo indica que o PT continua com muitas dificuldades para lidar com suas contradições internas, além de apresentar a perspectiva de restrição da base partidária de sustentação da candidatura, comparada com a eleição de 98. Quanto ao posicionamento político, embora o PT tenha avançado ao contemplar a manutenção de conquistas do programa de estabilidade econômica, é preciso cautela. Ainda que positiva, essa mudança é limitada, sendo mais formal do que real. Em síntese, o partido anuncia um programa mais moderado, mas ao mesmo tempo mostra crescente dificuldade de transigir no que diz respeito às composições políticas e à capacidade de ouvir os diferentes setores.Outro risco são as outras candidaturas da oposição que, no entanto, demonstram inconsistências. Itamar e Garotinho deverão enfrentar agora os testes da sedimentação e as dificuldades decorrentes da candidatura. Garotinho já enfrenta denúncias sérias e Itamar aglutina insatisfações variadas, incapazes de produzir um programa de unidade para um futuro governo.Já a candidatura Ciro demonstra um potencial de crescimento grande, que deverá se consolidar na medida em que começarmos a entrar em fases mais decisivas do momento eleitoral, quando começarão a pesar questões comparativas importantes, como a credibilidade e a experiência administrativa dos candidatos.Nesse campo, Ciro é soberano. Fez administrações exemplares na cidade de Fortaleza, no governo do Ceará, e teve uma passagem breve, mas bem-sucedida, pelo Ministério da Fazenda, todas elas aprovadas tanto no aspecto ético como no da competência administrativa. Cabe agora, diante do crescimento de Ciro Gomes e da necessidade de fazer alianças, dar consistência programática a esse arco de força que precisará ser construído.Sobre isso, Ciro e Roberto Freire já deram respostas absolutamente definitivas, a saber, as alianças serão buscadas e saudadas desde que não comprometam a candidatura do ponto de vista ético e não sacrifiquem a essência do modelo político-econômico que tem embasado a candidatura Ciro.Essa análise justifica o meu entusiasmo e o do partido, ancorado na certeza de que para ganhar as eleições e governar será preciso mais do que uma pessoa e de um partido. E o desenrolar dos acontecimentos tem demostrado que a candidatura Ciro Gomes é o ponto de partida para enfrentar tanto os desafios eleitorais como aqueles que serão postos para o futuro governo, e que só serão vencidos pela construção de uma maioria aliada à vontade férrea do povo brasileiro de trilhar um caminho no qual o crescimento econômico esteja condicionado à diminuição das desigualdades sociais.Arnaldo Jardim é engenheiro civil, deputado estadual e presidente estadual do PPS, além de relator geral do Fórum São Paulo Século XXI