Deputada exige qualificação anti-racismo para policiais


12/04/2005 15:06

Compartilhar:


A deputada Maria Lúcia Prandi (PT) enviou ofício à Ouvidoria da Polícia protestando contra o assassinato do jovem Luiz Francisco da Costa Batista, 22 anos, durante uma ocorrência policial na manhã de 7/4, na zona sul de São Paulo. Negro, ele estava na casa do sogro, que foi invadida por dois assaltantes. Ao correr atrás de um dos ladrões, Batista foi alvejado "por engano" duas vezes por um dos soldados, que o teria `confundido´ como um dos suspeitos.

"Por trás desse novo `engano´ há, sem dúvida, o preconceito racial que continua arraigado na polícia de São Paulo. Por ser negro, Batista foi logo classificado como suspeito e assassinado impiedosamente", enfatiza a deputada Prandi que é membro da Frente Parlamentar Anti-Racismo da Assembléia Legislativa. Para ela, este episódio reforça a necessidade de uma qualificação anti-discriminatória na formação dos policiais.

"Caso isto não seja enfrentado com coragem e firmeza, continuaremos lamentando a morte de inocentes, julgados e condenados instantaneamente à morte em função da cor da pele. Isto acontece cotidianamente, mas ganha vulto quando envolve pessoas de classes sociais mais elevadas", afirma, alertando para o fato de que qualquer traço de preconceito racial deve ser investigado durante o processo de formação dos policiais.

"Se as avaliações psicológicas constatarem esta tendência, é preciso fazer um trabalho específico. E, em última instância, esta pessoa não pode ser contratada. Pois, nas ruas, investida de autoridade e com uma arma nas mãos, ela representará um risco iminente para cometer truculências com recorte racial", argumenta a deputada Prandi.

A parlamentar afirma que a morte de Batista lembra muito o assassinato do dentista Flávio Ferreira Sant'ana, em fevereiro do ano passado. Abordado por policiais que atendiam a ocorrência de um assalto, Sant´ana também foi `confundido´ e acabou assassinado. Tentou-se forjar a cena do crime, sob a alegação de que o rapaz estava armado e, por isso, teria sido alvejado mortalmente.

"Como se vê, alerta a parlamentar, os episódios se repetem. São vidas extirpadas, sonhos dilacerados. É preciso reagir com indignação e cobrar uma atitude firme, séria e permanente do governo do Estado. Só assim, vamos impedir que maus policiais continuem matando e humilhando pessoas que se enquadram no estereótipo de que todo negro é potencialmente um bandido".



mlprandi@al.sp.gov.br

alesp