Cenário I: Os mariners americanos são conhecidos como uma das tropas mais bem preparadas, sendo a força tarefa reserva do governo americano por uma de suas mais dignificantes características: "Sempre Fiel" ao povo americano.

Cenário II: "...com o sacrifício da própria vida". Assim encerra-se o juramento de um policial militar ao concluir sua formação de ingresso na corporação.

Gritar a plenos pulmões qualquer um grita, mas cumprir na íntegra este juramento, aí é muito diferente.

Não se trata de frase decorada, mas sim de um sentimento de amor a causa pública, que faz com que a própria vida tenha um significado menor. Porém o que diferem esses dois cenários? Ambos são "kamikazes modernos" dispostos a morrer pela causa, mas a grande diferença é o reconhecimento obtido pela sociedade e pelo governo.

Enquanto os mariners são saudados como heróis, têm excelente remuneração e na doença ou na morte suas famílias são totalmente assistidas pelo Estado, os pobres policiais militares do nosso Estado de São Paulo são o retrato da miséria, da desconsideração e do escárnio.

Só para se ter uma idéia da problemática, da totalidade de PMs da Grande São Paulo, 25% residem em sub-habitações, favelas, cortiços, pensões ou ficam alojados em acomodações insalubres dentro dos quartéis. A maioria deles vive em locais miseráveis, onde o crime também se enraíza, o que torna o policial e sua família vítimas potenciais e preferenciais.

Não se trata de "força de expressão" dizer que o policial esconde da vizinhança sua condição profissional, que suas fardas são lavadas e secas dentro da própria casa, às vezes até atrás da geladeira, que ele nunca sai ou chega em casa fardado, pois isso poderá ser a sentença de sua própria morte ou dos seus.

Todo presidente americano ou seu secretário de Estado adora fazer visita às tropas, e em especial aos mariners para demonstrar claramente seu apreço e apoio, enquanto o governador do nosso Estado e seu secretário de Segurança têm rancor pessoal e espírito revanchista manifestos numa política salarial sórdida, além de uma total falta de recursos.

Enquanto os mariners usam o que há de melhor para combater os inimigos dos americanos, os PMs do Estado mais rico da federação se desdobram sem os mínimos recursos para proteger a sociedade.

Mas então, o que nivela o mariner americano e o PM paulista?

O fato de que, apesar de tudo, o PM paulista é tão fiel e leal ao povo quanto os bravos americanos e que a expressão, apesar de a maioria nem saber seu significado em latim, pode ser gritada a plenos pulmões, nos 645 municípios paulistas, nas 24 horas do dia e nos 365 dias do ano: Semper Fidelis.



*Olimpio Gomes é deputado estadual pelo PV, major da PM e jornalista