Opinião - A morte não pode ser protelada


02/09/2011 11:26

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A morte é um dos assuntos mais difíceis de tratar. Ao mesmo tempo que fascina, ela aterroriza o homem. Ela é como uma finalização de um ciclo e às vezes deixa marcas difíceis de cicatrizar. Independentemente da religião ou mesmo na falta dela, o individuo se entristece ao ver alguém querido partir. Como cantava Renato Russo na música "Os bons morrem jovens": eu aprendi a ter tudo o que sempre quis, só não aprendi a perder.

Se a morte por si só já é algo que provoca a comoção de um núcleo familiar, os sepultamentos são quase como uma ruptura necessária e que ameniza a dor e conforta todos os parentes e amigos. Com o passar dos séculos esses ritos tornaram-se cada vez mais rápidos, mas nunca perderam sua importância, pois é neste momento que os grupos se reúnem para se despedir e familiarizar-se com o vácuo deixado pela perda do familiar.

Todos os que já perderam uma pessoa querida sabem a dor que se sente nestes momentos. Por isso é importante que sejam tomadas medidas urgentes no que se refere à paralisação do serviço funerário de São Paulo, pois já é a segunda vez só neste ano que este problema ocorre. Os grandes cemitérios de São Paulo enfrentam problemas com sepultamentos e retirada de corpos dos hospitais.

São mais de mil funcionários em greve, entre faxineiros, sepultadores e motoristas. Segundo a Secretaria Municipal de Serviços, novas contratações foram realizadas para auxiliar o andamento nos principais cemitérios. Não retiro os méritos destes trabalhadores, nem critico a decisão de exigir melhores condições de trabalho, mas as famílias que já estão sensibilizadas com a perda são as mais prejudicadas neste momento.

A fila para a liberação dos cadáveres cresceu, enterros precisaram ser até cancelados ou levam mais de um dia para acontecer. Os funcionários do serviço funerário exigem um reajuste de 39,79%, referente ao período entre 2004 e 2010, também exigem plano de carreira e melhor condição de trabalho. Segundo a classe, as reivindicações foram entregues em fevereiro, mas ainda não foram respondidas.

Em nota, a prefeitura de São Paulo informou que "considera inadmissível e repudia a paralisação, que é considerada ilegal pela Justiça, por tratar-se de serviço essencial à população". O governo também alega sempre ter mantido o diálogo com os representantes. Mesmo assim manifesto-me a favor da busca por soluções imediatas. Não podemos esquecer que pessoas estão sofrendo, pois um momento que já é difícil tem sido adiado ainda mais.

Espero que esta situação seja resolvida rapidamente. É inadmissível que respingue na sociedade um problema que não diz respeito a ela. Já não bastassem as recentes paralisações que atingiram os transportes públicos no Estado nos últimos meses, a população agora se vê refém de uma situação que só protela a dor. Ainda não foram achadas alternativas, mas as soluções precisam ser encontradas.



*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e presidente estadual do partido.

alesp