Sem Beira-Mar, mas com o PCC

OPINIÃO - Afanasio Jazadji*
31/03/2003 15:10

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O megatraficante carioca Fernandinho Beira-Mar foi afinal retirado do Estado de São Paulo, em 27 de março, depois de ter permanecido quase um mês no presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes. Alívio apenas em parte: ficamos sem Beira-Mar, mas ainda temos o PCC. Os recentes assassinatos de dois juizes mostram que o crime organizado continua forte e ousado no País. A morte do juiz Antônio José Machado Dias, em Presidente Prudente (SP), chocou todo o Brasil. Logo depois, foi morto em Vila Velha (ES) o juiz Alexandre Martins de Castro Filho.

Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo apresentam casos diferentes de violência. Fui o primeiro a alertar as autoridades paulistas, em 1997, sobre o surgimento da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Em seis anos, multiplicou-se a criminalidade.

Como deputado estadual presidi a CPI que investigou o crime organizado no Estado de São Paulo, de 1995 a 1999. Então, graças a informações sigilosas, fiquei sabendo da existência do PCC, que já começava a atormentar os presídios paulistas. Denunciei tudo ao governo do Estado e até publiquei o estatuto do PCC no Diário Oficial, mas nada foi feito pelos assessores do governador Mário Covas. Eles simplesmente ignoraram as denúncias.

O secretário da Administração Penitenciária do primeiro mandato de Covas, João Benedicto de Azevedo Marques, ao receber minhas denúncias, não deu a mínima importância: respondeu que estava "tudo sob controle". Naquela época, quando houve rebelião numa cadeia de Sorocaba e os presos mostraram a bandeira do PCC, o secretário disse que era bandeira de escola de samba. Deixaram o PCC crescer, e a população como fica?

*Afanasio Jazadji é radialista, advogado e deputado estadual pelo PFL

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