DA REDAÇÃO* O ministério formado por Getúlio Vargas em 1930 era inteiramente heterogêneo, reflexo da variedade das forças políticas que compunham a Aliança Liberal. O Ministério da Fazenda coube a um banqueiro paulista vinculado ao Partido Democrático, ex-governador do Estado de São Paulo, José Maria Whitaker; o de Viação e Obras Públicas a Juarez Távora, principal nome tenentista da Revolução; o da Agricultura a Assis Brasil, "libertador" gaúcho, que havia muito tempo se empenhava na elaboração de um código eleitoral moderno e democrático; o da Educação foi dado a Francisco Campos, de Minas Gerais, identificado com as correntes tenentistas mais radicais, de pensamento centralizante, notório simpatizante do fascismo italiano. Vantagem tenentistaO tenentismo pregava uma maior intervenção do Estado na economia e a nacionalização de alguns setores básicos, como as minas e as quedas d''água. No início, a vantagem era nitidamente tenentista. Contando com o repúdio da opinião pública urbana às oligarquias tradicionais e com sua própria mobilização, o grupo conseguiu avançar sua idéia básica: o prolongamento da situação revolucionária de modo a implantar as reformas que julgava necessárias. Seu programa pretendia ir além da simples moralização dos processos eleitorais, introduzindo a representação por classes profissionais, em voga a partir da ascensão do fascismo. Os tenentistas pressionavam por um programa mais abrangente na área trabalhista, apesar de Getúlio já ter criado o Ministério do Trabalho - então vinculado ao da Indústria e Comércio. Eles queriam um programa dentro da concepção de um Estado que promovesse a harmonia, ou o controle, das relações capital-trabalho. As propostas desse tipo eram bem recebidas por Getúlio, também inclinado a deixar para trás o conservadorismo repressivo da República Velha por meio do paternalismo "atualizado" das doutrinas corporativistas.A questão básica, no entanto, era a consolidação do poder central diante dos Estados. Getúlio manteve Olegário Maciel à frente do governo de Minas e nomeou Flores da Cunha e Carlos Lima Cavalcanti, revolucionários locais, para os governos do Rio Grande e de Pernambuco, respectivamente, mas entregou outros Estados a interventores egressos dos quadros tenentistas.Revolução ConstitucionalistaUma das reivindicações básicas das oposições era a convocação de uma Assembléia Constituinte. Getúlio, entretanto, não se preocupou em convocar esta eleição. Diante disto, em 1932, os paulistas responderam com a Revolução Constitucionalista que, apesar de derrotada pelas forças do governo federal, atingiu os seus objetivos, já que Getúlio, pressionado pelas circunstâncias, convocou eleições para a formação da Assembléia Constituinte, em 5 de maio de 1933. A Constituição entrou em vigor em 16 de julho de 1934. Juntamente a isso, a Assembléia Constituinte elegeu Vargas presidente da República. PolarizaçãoO período é marcado pela polarização ideológica: de um lado a Aliança Nacional Libertadora (ANL), de tendências de esquerda, do outro a Ação Integralista Brasileira (AIB), movimento inspirado pelo nazi-fascismo. A ANL é posta fora da lei em 11 de julho de 1935. Sua extinção provocou a reação de setores militares identificados com seu programa político. Neste contexto eclodiu em novembro de 1935 a chamada Intentona Comunista, liderada por Luis Carlos Prestes, que levou ao levante de algumas guarnições militares em Natal (RN), Recife (PE) e do 3º Regimento de Infantaria na Praia Vermelha e da Escola de Aviação no Rio de Janeiro. Com a aproximação das eleições de 1938, a oligarquia paulista lança a candidatura de Armando Sales de Oliveira, enquanto o governo indica o paraibano José Américo de Almeida. Porém, Vargas tinha idéia de permanecer no poder com o pretexto de deter um golpe por parte dos comunistas, segundo ele, queriam lançar o país à uma Guerra Civil (Plano Cohen). *Fonte - sites: www.culturabrasil.pro.br - texto do professor Lauryston Gomes Pereira Guerra; e www.psg.com