Opinião - Pela valorização dos professores


30/05/2011 10:07

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"Sou eu que vou seguir você do primeiro rabisco até o bê-á-bá...". "O caderno", interpretada por Chico Buarque, me remete ao meu tempo como professora, e embora já não exerça a profissão do magistério, tão digna, jamais deixei de reconhcer seu papel, tão importante quanto o dos pais, no desenvolvimento da criança e do adolescente.

Os professores são hoje, da pré-escola ao ensino superior, 2,3 milhões no país. São eles os responsáveis pelo desenvolvimento da identidade das crianças e pela (trans)formação da sociedade. Formam os adultos de amanhã.

Homens e mulheres que, com a consciência de sua responsabilidade e seu papel social, dedicam-se ao longo e complexo processo de alfabetização e aprendizagem. Compromissos que, veladamente, assumem com cada um dos brasileiros por um país com mais igualdade social.

Nesse sentido, o país com pretensões de alcançar o status de Primeiro Mundo precisa investir na educação " e aqui leia-se também nos professores.

Hoje, os brasileiros permanecem na escola em média sete anos, muito distante de países como os Estado Unidos, cujos alunos ficam por 12. Mais qualidade, um ensino atraente aliado à valorização dos professores são os desafios da educação no Brasil.

De um lado, o Ministério da Educação, há oito anos no poder, estagnou no discurso. Afirma investir R$ 10 bilhões por ano para reestruturar a carreira dos professores e que a meta é superar a distância de salário dos professores da rede fundamental e os demais profissionais de nível superior.

De outro lado, o governo de São Paulo, por intermédio da Secretaria Estadual de Educação, anunciou nova política salarial para os funcionários da educação do Estado, que inclui um aumento de 42,2% em quatro anos, com 13,8% de aumento a partir de julho. O primeiro e grande passo rumo à valorização e à qualidade da escola pública no Estado de São Paulo. O governo do Estado assume o compromisso de virar a página da educação de São Paulo, iniciando um capítulo com mais investimentos e valorização.

Além disso, um dos principais focos da política Alckmin na educação é atrair novos profissionais para a carreira, hoje tão desprestigiada. O desinteresse que hoje atinge a profissão, a meu ver, é o reflexo da crise por que passa a educação e uma ameaça ao futuro do ensino no país.

A questão é uma só: o Brasil não pode parar enquanto o resto do mundo continua a investir no ensino. Se quisermos ser Primeiro Mundo, devemos agir como tal. Volto a lembrar Chico Buarque: "Só peço a você um favor se puder. Não me esqueça num canto qualquer".



* Maria Lúcia Amary é professora, deputada estadual pelo PSDB e presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia Legislativa.

alesp