Opinião - A vida dos animais está acima do lazer


09/09/2011 10:37

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Nos últimos dias, o debate sobre a proteção dos animais ganhou destaque na mídia após dois incidentes durante a 56ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, no interior de São Paulo. O sacrifício de um bezerro, após ficar paralisado devido a uma "prova", e o princípio de paralisia de um touro ao longo de uma montaria reacenderam o debate sobre o tema.

Um assunto delicado. Sabemos da importância econômica e social que os rodeios têm para muitas cidades do interior do Estado e do Brasil. Mas isso não está acima da vida. Não é possível, principalmente após o conhecimento de nossa história e inúmeras descobertas realizadas, aceitar o sacrifício de um ser vivo para o deleite popular.

Há anos tenho debatido esse assunto com entidades, organizações não governamentais (ONGs), Estado e população. Em agosto de 2005, por exemplo, me reuni, ainda como vereador de Osasco, com autoridades, especialistas em veterinária, representantes de organizações protetoras de animais e a população para discutir o Projeto de Lei sobre Zoonoses. Nesse debate, identificamos as diretrizes que fundamentaram a Lei Municipal 3.999/2006, que, hoje, dispõe sobre normas para a prevenção de doenças ou infecções transmissíveis entre animais e humanos (zoonoses) e para o bem-estar animal. Além de estabelecer regras para protegê-los, a lei combate a proliferação dos animais com medidas que regularizam a criação, aquisição e comercialização, e ainda prevê normas para o controle de doenças.

Como deputado, tenho procurado investir meus esforços para auxiliar na recuperação dos centros de zoonoses das cidades paulistas, como é caso de Osasco, onde propus emenda ao Orçamento do Estado, em 2008, para que fosse feita a reforma e ampliação do órgão. Fico satisfeito em saber que o centro de controle de zoonoses do nosso município teve sua reforma concluída nesta quinta-feira, 8 de setembro.

Apesar de nosso mandato ter ampliado seus trabalhos em várias frentes no Estado, nunca nos esquecemos desse que é um grande desafio para nossa sociedade. É um debate necessário. Precisamos dialogar com a população e encontrar outras formas que substituam culturalmente e economicamente essa forma perniciosa de se obter lazer e riqueza.

Não sou contra os rodeios. Sou contra ao maus tratos e sacrifícios. Até porque o que a gente mais valoriza é a vida.



*Marcos Martins é deputado estadual pelo PT.

alesp