Opinião - Cotas aos alunos oriundos da Escola Pública


10/12/2008 18:52

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Assumir um cargo no Legislativo, seja municipal ou estadual, significa lutar em prol de todas as classes sociais. Nada mais justo que estudantes socialmente menos privilegiados tenham acesso às faculdades de ponta do país. É nelas que se ministram os melhores cursos e é delas que saem os profissionais de que o mercado precisa. Quando falo em dar oportunidades àqueles menos providos, ou seja, os que sempre estudaram na escola pública, é porque eles precisam ter as mesmas chances do aluno que foi agraciado em estudar em escolas particulares.

Há quase quatro décadas, o Brasil abraçou a causa de democratizar o acesso à escola. Apresentar e tentar aprovar um Projeto de Lei que corrija distorções sociais não é benemerência e sim justiça. Querer uma sociedade sem discriminação é a função de um parlamentar. Portanto, defendo que alunos de escolas públicas possam também ter acesso ao ensino de qualidade prestado pela USP ou por quaisquer outras universidades estaduais ou federais.

Chegou a hora de alargar as portas do saber. Entendo até a contrariedade do algumas parcelas da sociedade. Mas acho que é unânime a opinião de que é necessário que os municípios, Estados e União invistam de forma prioritária no ensino infantil, fundamental e médio. Precisamos estimular o aluno da escola pública, pois ele precisa saber que terá oportunidade para continuar seus estudos em uma universidade estadual.

Estimular o aluno a estudar é, automaticamente, fazer com que os professores também sejam valorizados. E quem ganha com tudo isso é o ensino público. Uma nação justa é aquela que oferece oportunidade a todos, e não somente a uma parcela da sociedade.

O Ministério Público Federal, em algumas demandas, argumenta que a sociedade brasileira é desigual e existem gigantescos abismos entre aqueles que têm acesso a serviços fundamentais, como a educação de qualidade, e aqueles que, por diversas e injustificáveis razões históricas, não têm. Nesse sentido, as chamadas ações afirmativas têm um papel importante na redução das desigualdades ao oferecer tratamento diferenciado em favor daqueles que têm sido sistematicamente desfavorecidos pelo Estado Brasileiro. Fechar os olhos para a nossa realidade seria sermos como um avestruz. Brincar de cego não tem preço. Se jogarmos a semente do atraso, com certeza colheremos o subdesenvolvimento.



* Rafael Silva é deputado estadual do PDT.

alesp