É incrível como determinadas pessoas, em cargos públicos, adotam o estilo de ficar fora da realidade ao lançar propostas para atacar problemas, de modo que a situação se agrave ainda mais: em vez de ser conseguida verdadeira solução surge uma absurda polêmica. Esse é o caso típico do que ocorre no governo federal, onde o choque entre o Ministério da Saúde e a Secretaria Nacional Antidrogas quanto a métodos de tratamento de viciados em tóxicos acabou tendo desdobramentos.

Na contramão de conclusões científicas de que o uso de drogas precisa ser combatido com o máximo rigor, o atual governo tem se mostrado tolerante com os dependentes de narcóticos. O auge desse desequilíbrio foi o projeto do Ministério da Saúde para a criação da Política Nacional de Redução de Danos. Segundo a proposta, haverá espaços demarcados em várias cidades do Brasil nos quais pessoas com alto grau de dependência de drogas poderão usar tóxicos, sem repressão, e também receber acompanhamento médico. Não é mesmo um absurdo? Ao agir assim, o governo não passa a ser um legítimo cúmplice dos traficantes de drogas?

Menos mal que o secretário nacional Antidrogas, general Paulo Roberto Uchoa, tenha se manifestado contra essa proposta, alegando que "a sociedade ainda não está pronta para isso". Mas deve ser feita a pergunta: como um órgão do governo, o Ministério da Saúde, chega a idealizar algo tão negativo? Por acaso o governo virou um alegre clube de jovens pervertidos adeptos da droga?

* Afanásio Jazadji é deputado estadual