Opinião : Por que a educação é tão subestimada no Brasil


04/12/2008 18:23

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O principal problema enfrentado pelo país está fora da pauta das campanhas eleitorais. É a educação, que raramente figura entre as prioridades dos políticos eleitos para o Executivo dos municípios. Parte da responsabilidade é da população, que também deixa de dar atenção a questões ligadas ao ensino das crianças.

Já avançamos na universalização, elevando o número de crianças nas escolas, mas estamos muito aquém de oferecer um ensino de qualidade e à altura das necessidades do país.

A educação está para o desenvolvimento e a distribuição de renda assim como a água para a sobrevivência do ser humano. Quanto mais educados os cidadãos de uma nação, maior é o desenvolvimento econômico e o bem-estar de sua população.

Os prefeitos eleitos neste ano devem passar a dar mais atenção para a educação, mesmo que os investimentos no setor aparentemente não rendam votos a curto prazo. A cultura política predominante ainda é a que privilegia os políticos executores de grandes obras, aquelas que têm mais visibilidade. Essa postura está superada. Não precisamos ter apenas mais escolas, mas escolas que formem cidadãos aptos à tarefa de construir um país cada vez mais próspero.

Não é o que está acontecendo. Muitas das nossas crianças permanecem na escola mas não conseguem aprender. São freqüentes os casos de meninos e meninas que, ano após ano de escola, não conseguem ler e escrever. O problema não está no sistema de progressão continuada, mas na falta de apoio extra-escolar a essas crianças, cuja maioria é proveniente de famílias de baixa renda. Também está na deficiência de formação e na falta de apoio financeiro e material aos educadores.

A falta de maior envolvimento do Estado na educação é sinal de que o modelo de ensino deve ser repensado. A escola pública, tão valorizada no passado, está sucateada. O resultado dessa falta de compromisso se reflete na proliferação de cursos de péssima qualidade nas escolas privadas, professores desestimulados e estudantes com baixo rendimento escolar.

Em uma projeção a longo prazo, a educação é aquela que, por sua importância, deveria merecer mais atenção de todos. Porque é ela que vai influir em todos os outros setores e será determinante para o desenvolvimento socioeconômico e político de uma nação. A história mostra o quanto ela é importante nesse aspecto. Os países que mais investiram no setor são os que apresentam o melhor nível de desenvolvimento.

Nações mais pobres que compreenderam essa importância conseguiram superar o atraso. É o caso da Espanha que, recém saída do franquismo, era um dos países mais atrasados da Europa, mas conseguiu superar suas dificuldades com grandes investimentos em educação. Hoje, é um dos países mais prósperos do continente europeu. O mesmo vale para o Japão do pós-guerra e, mais recentemente, para a Coréia do Sul.

No mundo globalizado, as empresas se instalam nos países onde as condições são melhores para o seu desenvolvimento. O mesmo ocorre na indústria nacional, que se moderniza tecnologicamente. Nesse caso, a qualidade da mão-de-obra também é um fator determinante. Necessitamos de profissionais capacitados para atuar nos mais diversos setores econômicos. Significa dizer que necessitamos de gente qualificada, com nível de instrução adequado também para a pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Já passou da hora de prepararmos as futuras gerações para esse desafio.



*Davi Zaia é deputado estadual pelo PPS

alesp