Parlamentar propõe criação do Dia Estadual de Luta dos Povos Indígenas


07/02/2006 16:09

Compartilhar:


O deputado Renato Simões, líder do PT na Assembléia Legislativa, protocolou projeto de lei que institui o Dia Estadual de Luta dos Povos Indígenas. De acordo com o projeto, a data deverá ser comemorada todo dia 7 de fevereiro em todo o Estado de São Paulo.

É uma homenagem ao índio Sepé Tiaraju, que liderou a nação guarani contra os invasores portugueses e espanhóis no sul do país. Neste 7 de fevereiro, faz 250 anos de sua morte.

"A figura histórica de Sepé Tiaraju tomou contornos de lenda por conta da bravura com que lutou durante a resistência guarani em defesa de seu território", diz Renato Simões.



Histórico

Os índios guaranis foram os primeiros habitantes do Rio Grande do Sul, anos antes dos europeus aportarem em terras brasileiras. Sepé Tiaraju nasceu na missão jesuítica de São Luis Gonzaga, no ano de 1722. Esta missão, juntamente com outras seis, passaram para a história com o nome de "Missões", sob a liderança religiosa dos jesuítas.

As Missões constituíam a República dos Guaranis, formada por cidades, cada qual com uma população entre 5 mil e 10 mil pessoas, erigida dentro de território que a Espanha considerava seu império.

Os padres e os índios estruturaram nas missões um projeto de sociedade baseado no seguinte princípio: "de cada um de acordo com as suas possibilidades, para cada um de acordo com as suas necessidades". Tudo entre eles era comunitário. Não havia moeda, funcionando um sistema de trocas de objetos.

Os Povos das Missões atingiram grau muito elevado de progresso no trabalho, na educação e na cultura, o que ensejou Voltaire a dizer que as Missões Jesuíticas da América do Sul representavam grande triunfo para a humanidade.

Sepé Tiaraju cresceu e desenvolveu-se dentro dessa comunidade histórica, destacando-se nos estudos humanistas e científicos. Foi eleito prefeito de sua cidade São Miguel Arcanjo, através do voto do seu povo.

No ano de 1750 Espanha e Portugal assinaram o tratado de Madri, que previa que Portugal, em troca de uma fortaleza cedida à Espanha, passaria a ser o novo proprietário dos Sete Povos que constituíam as Missões. O que significava aos índios guaranis ter de abandonar suas terras e lavouras em prol de Portugal.

Após várias tentativas formais de revogação do Tratado, as populações das Missões não aceitaram a transferência e decidiram organizar a resistência.

Portugal e Espanha uniram seus dois exércitos na altura de Rio Pardo, dispostas a marchar sobre as Missões. Sepé Tiaraju, à frente de mil e quinhentos índios, marchou para combater os invasores que pretendiam destruir a Pátria guarani. Em que pese a bravura dos índios combatentes, no dia 07 de fevereiro de 1756, numa escaramuça de guerrilha, Sepé tombou com um tiro de pistola na cabeça. Três dias após seus companheiros guaranis conseguiram resgatar o seu cadáver e o sepultaram com as honras que merecia.

rsimões@al.sp.gov.br

alesp