Opinião - Atraso nas obras colocam em risco a Copa 2014?


03/05/2010 17:35

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As cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 no Brasil estão ignorando o cronograma de obras, tanto dos estádios como de infraestrutura. Apesar das advertências emitidas pelo Comitê Organizador Local (COL), as autoridades responsáveis por essas obras não estão levando a sério a preparação para abrigar o mais importante evento esportivo do mundo.

Aqui mesmo neste espaço, já alertei para os riscos da demora no início da obras. No dia 3 de julho do ano passado publiquei artigo sob o título "SP precisa se apressar para a Copa de 2014", que por sinal está no meu recém-lançado livro "Uma voz no Parlamento", no qual colocava em dúvida a capacidade de as cidades-sede da Copa abrigarem os jogos do mundial de futebol.

Em São Paulo, as obras do estádio do Morumbi sequer foram iniciadas. Já se falou até em construir um novo estádio em Pirituba, mas com verba pública. Isso não é bom, pois há falta de recursos para suprir os serviços e as necessidades da população. Os organizadores brasileiros da Copa ficam agora tentando arranjar uma alternativa ao Morumbi. Se não houver rapidez na reforma do estádio São Paulo, a Capital paulista corre o risco de não ter jogos da Copa.

Em relação à reforma do estádio tricolor, lembro aqui, mais uma vez, que há quase dois anos a diretoria do Palmeiras lançou um plano ambicioso de construção de uma arena multiuso, que poderia abrigar também jogos da Copa 2014, conforme divulgado na época. O que aconteceu? Nada. O plano continua no papel. Temo que essa situação ocorra também com o São Paulo.

Não é só o problema dos estádios que está emperrando a organização da Copa. Há situações praticamente instransponíveis, como cidades sem aeroportos adequados, sem metrô e até mesmo sem rede hoteleira que possam abrigar delegações estrangeiras. Os organizadores já falam em substituir algumas cidades escolhidas para bancar os jogos. Creio que não existem muitas opções, pois as demais capitais também carecem de infraestrutura, e realizar obras com rapidez exige muito trabalho e, principalmente, muitos recursos.

Na última segunda-feira, 26/4, o secretário geral da Fifa, Jerome Valcke, cobrou mais agilidade das autoridades brasileiras e desabafou: "É incrível como o Brasil está atrasado. E não estou falando apenas de Morumbi e Maracanã, mas de todos os estádios. Muitos dos prazos já expiraram e nada aconteceu. O Brasil não está no caminho certo".

Portanto, o Comitê Organizador Local (COL) deve acelerar a pressão para que as obras de estádios e de infraestrutura sejam iniciadas. Deve ainda rediscutir a possibilidade de mudanças de cidades sedes e cobrar mais agilidade das autoridades. Só assim, poderemos demonstrar ao mundo a nossa criatividade e capacidade para montar um evento dessa magnitude e nos credenciarmos, com mérito e respeito, para sediar as Olimpíadas de 2016.



* Vitor Sapienza é economista, conselheiro vitalício do Palmeiras e deputado estadual (PPS)

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