Diretor de Segurança da Detenção depõe na CPI do Narcotráfico


30/11/2000 18:33

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Em depoimento à CPI do Narcotráfico da Assembléia Legislativa, na tarde desta quinta-feira, 30/11, o diretor de Segurança e Disciplina da Casa de Detenção, Jesus Ross Martins, declarou ter autorizado a saída do preso Milton Alves Figueiredo, o "Pateta", para atender solicitação do diretor de Produção, Carlos Alberto Salce. No último dia 16/11, Pateta foi autorizado a realizar serviços de manutenção na área externa do presídio e desde então encontra-se foragido.

De acordo com o diretor de segurança, Pateta recebeu esse tipo de autorização pelo menos seis vezes, sempre por solicitação de Salce, que também indicava os agentes de segurança Fernando Tadeu dos Reis e Manuel Messias de Jesus para fazer a escolta do detento. Ambos fazem parte do grupo de três funcionários encarregados pela direção da Detenção a efetuar compras requisitadas pelos presos.

Quando fugiu, Pateta estava sendo escoltado por Manuel Messias de Jesus, que também prestou depoimento nesta quinta-feira. O agente, acompanhado de dois advogados, afirmou ter sido rendido por dois homens armados de metralhadoras e declarou ter sido essa a única ocasião em que Pateta saiu escoltado por ele, apesar de o livro de registros apontá-lo como responsável pela guarda de Pateta pelo menos outras duas vezes.

Os membros da CPI observaram, pela documentação enviada à Assembléia pela Casa de Detenção, que no dia 11/11, seis dias antes da fuga, Pateta já havia passado a noite fora do presídio, o que configura procedimento irregular. Também dessa vez os livros registram o nome de Manuel Messias de Jesus como encarregado pela escolta.

Outra questão levantada pela CPI é o fato de Jesus Ross Martins ter sido notificado da fuga de Pateta apenas 24 horas depois de ela ter ocorrido. O diretor de segurança disse ter recebido a informação de que o próprio Salce, acompanhado de um agente carcerário, teria realizado diligência às proximidades da residência de Pateta, nas proximidades de São Caetano.

Jesus Ross Martins assegurou aos parlamentares que, desde a fuga de Pateta, não está autorizando a saída dos detentos para realização de serviços externos e por isso tem sido ameaçado de morte através de telefonemas e cartas. Segundo ele, apenas os presos que possuem autorização judicial estão se ausentando do presídio. De acordo com a norma, o diretor de segurança tem poder para autorizar a saída de presos para desempenho de tarefas dentro do perímetro do prédio da Detenção.

alesp