Lançada na Assembléia campanha pela ética na TV


30/04/2003 20:05

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DA REDAÇÃO

O Fórum de Entidades pela Ética na TV lançou na Assembléia Legislativa, nesta terça-feira, 29/4, a versão estadual da Campanha "Quem financia a baixaria é contra a cidadania", pela valorização dos direitos humanos na televisão, em evento organizado pelo deputado Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho do PT.

O presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Orlando Fantazzini (PT/SP) destacou que o movimento reúne entidades atuantes em cada Estado. Ele informou que os interessados a se engajar na campanha ou oferecer denúncias contra programações de TV ou rádio que ferem os direitos humanos podem acessar o site www.eticanatv.org.br ou ligar para 0800 619619.

Fantazzini listou os dez programas que receberam maior número de queixas e o motivo das reclamações: Domingo Legal (Gugu - SBT), apelo sexual e sensacionalismo, Eu vi na TV (João Kleber - RedeTV), vocabulário chulo e preconceito sobre orientação sexual, Big Brother (Pedro Bial - Globo), apelo sexual, Programa do Ratinho (SBT), incitação à violência, Domingão do Faustão (Globo), apelo sexual e vocabulário chulo, Programa do Sérgio Malandro (Rede TV), apelo sexual e incitação à violência, Hora da verdade (Márcia Goldschmidt - Band), horário impróprio, Zorra total (Globo), apelo sexual, Falando francamente (Sônia Abrão - SBT), apelo sexual, e Cidade Alerta (Milton Neves - Record), incitação à violência.

"Temos a convicção de que a sociedade paulista vai se integrar à campanha a exemplo do Ministério Público de São Paulo que já acolheu denúncia contra o programa do João Kleber", concluiu o deputado federal.

Participação do Legislativo paulista

Tiãozinho acredita que a Assembléia 'entrará de cabeça' nesse desafio. "Boa parte da programação da TV no Brasil é estruturada em São Paulo e é forte a responsabilidade desta federação em relação ao que é apresentado na TV brasileira." Segundo o deputado, as emissoras funcionam mediante concessões públicas e, portanto, não podem ter posturas preconceituosas, que criam um danoso caldo cultural e contaminam o povo. "O ser humano não nasce racista, ele se transforma nisso, sobretudo, com a influência dos meios de comunicação", exemplificou.

O parlamentar petista finalizou, propondo a formação de uma Frente Parlamentar na Assembléia Legislativa pela Ética na TV.

Paulo Sérgio, deputado do Prona, cumprimentou a iniciativa do deputado Fantazzini em levar esse tipo de discussão à Comissão de Direitos Humanos da Câmara. "Quero apoiar a campanha e espero que ela surta efeitos o quanto antes, com a finalidade de melhorar a qualidade nas programações de TV."

De acordo com o deputado Romeu Tuma Júnior (PPS), há alguns anos, quando as programações eram mais controladas, existia menos violência. "Muitos fatores, como desemprego, contribuem para o aumento da criminalidade, mas a TV é mais um gatilho da violência."

Tuma destacou que não se trata de censura, mas de defesa aos direitos da pessoa. O deputado também concorda com a constituição da Frente Parlamentar pela Ética na TV.

Laurindo Leal, professor de jornalismo da ECA/USP, é integrante da ong Tver e representou as entidades do Fórum pela Ética na TV. "A sociedade tem que exercer seu direito legal de interferir nas programações", disse o professor, destacando que a TV foi um dos grandes inventos do século passado.

"Quem coloca algo no ar é responsável por aquilo que mostra e se contradiz o que está assinalado no contrato de concessão, deve ter esta concessão cassada", disse Leal, apontando que a grande maioria da população tem a TV aberta como única fonte de lazer e que não importa o fato de as programações serem transmitidas gratuitamente, pois alguma empresa pagou o patrocínio, o que descaracteriza a gratuidade.

"Essa é a chance de discutir a TV como bem público, trazendo-a para níveis mais civilizados, desde que toda a sociedade se manifeste", concluiu o professor.

O Fórum se reunirá semanalmente na sede das Edições Paulinas, na Vila Mariana, às segundas, às 10h30.

alesp