Entidades preparam atos de memória dos dez anos das ossadas de Perus


17/07/2000 15:08

Compartilhar:


As Comissões de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa e da Câmara Municipal e a Comissão dos Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos iniciaram, no dia 10/7, os preparativos para a celebração dos 10 anos da Abertura da Vala Clandestina do Cemitério de Perus, em São Paulo.

Fruto de incansáveis buscas pelos resistentes à ditadura militar vitimados pela repressão oficial, a abertura da Vala de Perus pela Administração Municipal petista, no dia 4 de setembro de 1990, permitiu que uma página desta história viesse à luz e alcançasse repercussão nacional e internacional. As 1.049 ossadas dali retiradas foram encaminhadas, através de um convênio entre a Prefeitura de São Paulo, a Secretaria de Segurança Pública do Estado e a UNICAMP, para identificação no Departamento de Medicina Legal daquela Universidade. Os trabalhos de identificação, coordenados pelo legista Fortunato Badan Palhares, transcorreram normalmente enquanto durou a gestão petista na Prefeitura de São Paulo, período durante o qual foram identificados e entregues aos seus familiares os restos mortais de Denis Casimiro e Frederico Eduardo Mayr. No entanto, com o advento da administração de Paulo Maluf, os trabalhos de identificação foram paralisados, gerando uma crise que se arrasta até hoje.

Desde 1995, o deputado Renato Simões (PT), na qualidade de presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, vem acompanhando a luta dos familiares para sensibilizar o governo do Estado a assumir a retomada das investigações sobre as ossadas em poder da Unicamp.

Reuniões com a Secretaria de Segurança Pública, a Unicamp e legistas da USP realizadas no ano passado e no primeiro semestre deste ano encaminharam-se no sentido de viabilizar a retirada das ossadas da Unicamp e sua transferência para o Instituto Oscar Freire da USP, onde os trabalhos de identificação serão reiniciados. A lentidão do Estado em otimizar esses entendimentos, no entanto, fez com que esses entendimentos prolongassem ainda mais a angústia dos familiares e a ansiedade da sociedade brasileira por mais elementos da história recente da repressão política no país. Um ato político na Câmara Municipal, uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia e um ato religioso no cemitério de Perus já são algumas das atividades programadas. Um comitê organizador está sendo formado para preparar essas e outras iniciativas.

(Mais informações, ligue para o gabinete do deputado Renato Simões - 3886-6301/6302)

alesp