Sondando o poço da memória Beatriz Perotti procura atingir o subconsciente

Emanuel von Lauenstein Massarani
25/04/2003 14:54

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Na base da inspiração de Beatriz Perotti está o encanto inexorável da natureza, onde encontra acentuação no aspecto mágico do belo. O âmago de sua realidade naturalista reside nas profundezas da terra. Tal realidade se tinge de reflexos como um misterioso amuleto. O seu naturalismo mágico e fantástico é sempre um naturalismo, um fiel e apaixonado amor pela mãe terra.

Beatriz Perotti articula sua composição com rigorosa medida, não se colocando outro problema que o de fixar a imagem nos termos de uma verdade ambiental muita vezes esmagada, se não cancelada, pelo ritmo furioso do nosso viver cotidiano.

Trata-se de uma pintura densa e profunda onde a idéia abstrata da matéria encontra um justo ponto de coágulo, além de um objetivo plausível. Força e dinamismo, impulsos de desafogo pictórico e grande sentido da cor constituem as percepções que sensibilizam á primeira observação as obras dessa artista expressionista.

Frente a um seu quadro a nossa fantasia se move quase caótica e nos transforma em co-autores de seu mundo, penetrando decididamente na paisagem subterrânea que ela criou em busca do centro da terra. Sondando o poço da memória Beatriz Perotti procura penetrar no seu próprio subconsciente.

Ela confia à riqueza da matéria e a suas invenções formais a tarefa de dar vida a um mundo de sonhos, de nostalgia, de sentimentos, mesmo se às vezes atenuados de certas cadencias cientificas.

Na obra Sem Título,realizada em acrílico e oxidação sobre tela e doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, sua pintura parece gravada sobre a rocha ou entre as diversas camadas de terra. Cuidadosa pesquisadora do momento sensitivo, do porque e da razão contidas no que está por exprimir, cada conteúdo emerge e se exprime numa controlada partitura cromática.

A artista

Beatriz Perotti nasceu em São Paulo em 1958. Formou-se em Artes Plásticas na FAAP em São Paulo em 1980. Fez um curso de desenho com Carlos Fajardo (1982 e 1983) e de pintura com Paulo Whitaker (1992/1994) e história da arte com Rodrigo Naves (1996/1997). Nos anos 1998 e 1999 freqüentou o curso de Arte em Movimento no SESC Pompéia e o de história da Arte no Museu de Arte de São Paulo.

Realizou mostras individuais Itaú Galeria de Vitória, no Espirito Santo (1994); Funarte do Rio de Janeiro (1996); Galeria Sesc Paulista, em (1999) Centro Cultural da Universidade de Minas Gerais Belo Horizonte (2001); Escritório de Arte Ju Machado Bauru (2002) e participou de exposições coletivas no III Salão Jovem de Arte Contemporânea Santo André (1980); União Cultural Brasil Estados Unidos São Paulo (1984); Centro Cultural Brasil Estados Unidos Bragança Paulista (1985); XVIII Salão de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto - SP,e 50 Salão Paranaense MAC Curitiba PR. (1993); Projeto Macunaíma Funarte Rio de Janeiro (1995) Projeto Arte na Universidade UNICID - SP e Novíssimos IBEU no Rio de janeiro (1999).

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