OS TEÓRICOS DA SEGURANÇA - OPINIÃO

Afanasio Jazadji*
20/11/2000 16:06

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Houve épocas em que uma delegacia de polícia era tida como símbolo do poder do Estado. Nos tempos atuais do Estado de São Paulo, os cidadãos têm medo de ir às delegacias por causa da alta carga de insegurança que domina esses locais.

Os próprios policiais já não ocultam seu verdadeiro pavor, tantos têm sido os motins de presos detidos nas delegacias e os ataques de bandidos para resgatar seus parceiros de quadrilhas. Diante da impotência do governo estadual, delegados e demais funcionários são reféns dos criminosos. O secretário da Segurança Pública, Marco Vinício Petrelluzzi, finge que está enfrentando os problemas, mas empurra tudo com a barriga. Seu secretário-adjunto, Mário Papaterra Limongi, sugere até que a população deve evitar ir às delegacias.

Existe uma evidente insatisfação da população paulista quanto aos rumos da polícia, uma insatisfação demonstrada nas eleições municipais. Os policiais também estão frustrados: Petrelluzzi e Limongi são promotores de Justiça, nada entendem de repressão ao crime, são puramente teóricos. Esse vem sendo um grave erro do governo Mário Covas desde o seu primeiro mandato. O governador insistiu em manter como secretário o também teórico José Afonso da Silva, que acabou cedendo seu lugar para Petrelluzzi após quatro anos. De teorias, a polícia está saturada. É preciso devolver aos policiais de São Paulo a capacidade para combater os criminosos do jeito que os bandidos merecem. Caso contrário, nossos policiais continuarão morrendo nas mãos de bandidos.

Aliás, a mídia continua dando destaque impressionante às entrevistas coletivas do ouvidor da polícia de São Paulo, o sociólogo petista Benedito Mariano, que, pelo menos uma vez por semana, convoca a imprensa para anunciar que a polícia está violenta. O tal ouvidor não costuma dar as estatísticas de policiais que tombam no combate ao crime e certamente jamais apareceu numa cerimônia fúnebre no Mausoléu da Polícia Militar, no Cemitério do Araçá, na Capital. Ele só sabe exibir números, segundo os quais a polícia está matando mais gente agora do que algum tempo atrás: de acordo com essas informações, algumas das mortes poderiam ser evitadas. Distante dos fatos é fácil palpitar.

Desse jeito, existe uma tentativa evidente de se jogar a opinião pública contra a polícia, a sempre menosprezada polícia de São Paulo que, tanto na Capital quanto no Interior e no Litoral, recebe péssimos salários e é mal gerenciada pelo comando da pasta da Segurança Pública. Os bons policiais acabam sendo injustiçados e até punidos.

Prevalece a tese de que os policiais que usam de energia para coibir a violência de criminosos acabam sendo afastados das ruas e passam a exercer funções burocráticas, enquanto a escola de polícia ensina os novos policiais a fazer arranjos florais como modo de levá-los a controlar a agressividade. Parece brincadeira!

O curioso é que esses teóricos chefões da Segurança Pública vivem fazendo referências às suas viagens para os Estados Unidos... acontece que, na polícia americana, ao contrário do que ocorre por aqui, existe tolerância zero contra o crime. Com autoridade.

*Afanasio Jazadji é radialista e deputado estadual pelo PFL.

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