DA REDAÇÃORealizou-se nesta sexta-feira, 31/8, na Assembléia Legislativa, o seminário Teses de Franco Montoro, que discutiu e aprofundou o ideário político do ex-governador de São Paulo, registrado no monumento "A Cultura Democrática em São Paulo", instalado em sua homenagem nos jardins do Palácio 9 de Julho, sede do Legislativo paulista. Ao abrir o evento, o deputado Vanderlei Macris (PSDB), presidente da Associação Cultura Democrática de São Paulo, destacou a justeza da homenagem e a importância de que se mantenham vivas as idéias que deram base às ações de Franco Montoro ao longo de sua atuação política.O seminário, organizado pela Assembléia, pela Associação Cultura Democrática de São Paulo, pela Fundação Konrad Adenauer, pelo Instituto Jacques Maritain do Brasil e pelo Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC), se desdobrou em seis grandes temas: Humanismo Cristão, Descentralização, Participação, Ecologia, Integração da América Latina e Diretas Já.Antonio Carlos Caruso Ronca, reitor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, falou sobre a importância, "na sociedade do descartável", da manutenção de modelos que ajudem a configurar o comportamento pessoal e social, e lembrou que Franco Montoro, por ter sempre compreendido as grandes questões - ética, solidariedade, justiça, democracia -, deve ser tomado não apenas como modelo a ser imitado, mas a ser superado por todos que tenham compreendido a grandeza das teses que defendeu e buscou implementar ao longo de sua vida pública.Ética de solidariedade. Com base nas teses de Montoro e em seus ideais de participação social e descentralização foi criado em 1981 o IBEAC. Sua presidente, Maria Lúcia Montoro Jens, destacou que a missão do instituto é usar a educação como forma de promoção humana e de resgate da liberdade e da dignidade. Segundo ela, o ideário de Franco Montoro pode ser resumido como respeito à pessoa humana. "Para ele, o primeiro passo para transformar o quadro de misérias, injustiças e desigualdades que nos cercam era uma atitude ética de solidariedade", afirmou Maria Lúcia.Em sua intervenção, o embaixador do Chile no Brasil, Carlos Mena, traçou um histórico do processo de integração da América Latina. De acordo com o embaixador, as questões fundamentais a serem colocadas, quando se trata desse tema, são a definição do tipo de sociedade em que vivemos e a necessidade de substituição da ética do êxito por uma ética da responsabilidade. Carlos Mena criticou a globalização atualmente em curso, que classificou de "excludente e homogeneizante", e defendeu o debate sobre o sentido do progresso e da sociedade atual. "Nos encontramos diante de um vazio de valores e de normas que constitui um problema político de enorme magnitude", afirmou.O seminário se encerrou com a participação do governador Geraldo Alckmin, que ressaltou a importância do papel de Franco Montoro na companha pelas Diretas Já e na redemocratização do país. "O traço característico da personalidade de Montoro sempre foi a absoluta coerência entre pensamento, palavras e ação política", declarou ele. Alckmin lembrou uma frase de Padre Lebret, que, segundo ele, norteava a atuação do ex-governador: "Na vida pública todos temos de nos considerar um Zé Ninguém a serviço das grandes causas".