Pesquisadores científicos discutem na Assembléia criação da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios


29/11/2000 17:55

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Os representantes dos Institutos de Pesquisa participaram, na tarde desta quarta-feira, 29/11, de uma audiência pública realizada na Assembléia Legislativa de São Paulo organizada pela Comissão de Cultura, Ciência e Tecnologia, presidida pelo deputado Vaz de Lima (PSDB), para discutir o Projeto de Lei Complementar 65/2000, que altera o artigo 2.º da Lei Complementar 125/75, que dispõe sobre a carreira de Pesquisador Científico e inclui a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) na Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

O secretário-adjunto da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Lourival do Carmo Monaco, disse aos presentes que a discussão em torno do agronegócio é "extremamente importante" e, com a criação da APTA, a pesquisa vai ser o que sempre foi. "O objetivo da Agência é adaptar e transferir conhecimento científico e tecnológico para o agronegócio. Mas temos que ter certeza de que essa mudança vai chegar na ponta, ou seja, no pequeno agricultor".

Monaco afirmou que o Brasil é um país essencialmente agrícola e que a preservação dessa condição é uma das preocupações do governador Mário Covas. Segundo ele, para cada milhão de Real investido na agricultura foram gerados 212 empregos, enquanto o mesmo valor investido na indústria gerou 75 empregos. "Mas, sem capital intelectual adequado não há desenvolvimento. Temos que fortalecer o conhecimento gerado em nosso país" (nas palavras de Monaco, capital intelectual é aquele que fica na entidade depois que o pesquisador sai).

Ao encerrar sua apresentação, o secretário-adjunto disse que o trabalho que vem sendo realizado na APTA é consenso entre os pesquisadores e a Secretaria de Abastecimento ratificou a necessidade de fortalecer o campo da pesquisa.

O professor Pavão, coordenador da comissão da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), contrariando o quadro apresentado por Monaco, disse que o problema é mais complexo do que o apresentado. Para ele, a criação da Agência é um ato "ditatorial", que os coloca em condição de "ingênuos e incompetentes". Pavão é a favor de que algo seja feito, "mas de forma responsável. Afinal, estamos tratando da parte mais importante do Brasil, a agricultura." Pavão ressaltou a importância de se discutir a questão e afirmou: "Exigimos o respeito à condição de responsabilidade que temos, porque não concordamos com essa situação."

alesp