Estou preocupado com o reajuste abusivo no preço da tarifa de ônibus decretado nesta semana pelo prefeito Gilberto Kassab, medida essa que está contribuindo para pressionar de forma elevadíssima à taxa de inflação projetada para o mês de janeiro. O trabalhador paulistano começa o ano pagando 11,11% a mais na passagem de ônibus em São Paulo. É uma elevação absurda, passando a tarifa de R$ 2,70 para R$ 3,00, quase o dobro da inflação medida pelo índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou o ano em torno de 5,9%. O pior de tudo é que a população continua utilizando ônibus superlotados, sem conforto e com atrasos constantes. Segundo levantamento feito pela minha assessoria e confirmado por publicações dos jornais, este é o terceiro reajuste no valor da passagem de ônibus realizado pelo prefeito Kassab. No acumulado, a tarifa aumentou 50%: passou de R$ 2,00 para R$ 2,30 em novembro de 2006; para R$ 2,70 no início do ano passado; e, agora, para R$ 3,00. Com o novo reajuste, a tarifa de ônibus na capital continuará mais cara do que a do Metrô. Está faltando à assessoria do prefeito sensibilidade social, já que não se levou em conta o custo que tal reajuste terá no bolso do trabalhador. Mais uma vez beneficia-se o empresário em detrimento dos menos favorecidos, empresário esse que no ano passado já recebeu da prefeitura R$ 660 milhões a título de subsídio, e que neste ano, segundo previsão constante do orçamento aprovado na Câmara Municipal, vai faturar outros R$ 743 milhões". Enquanto a passagem de ônibus sobe 11,11%, muito acima da inflação do ano, o reajuste do salário mínimo vai ser de apenas 5,88%. Tais números, por si só, confirmam a falta de preocupação e solidariedade dos governantes, já que o trabalhador paulistano passa a pagar a tarifa mais cara do país entre as cidades com mais de 500 mil habitantes. Tal atitude é vergonhosa, acintosa e desumana! *Antonio Salim Curiati é deputado estadual e líder do PP na Assembleia Legislativa.