O "NOVELHO" PTB - OPINIÃO

Willians Rafael
31/08/2001 18:20

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Pelo que tenho visto que não há coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras; porque esse é o seu quinhão; pois quem o fará voltar para ver o que será depois dele? ECLESIASTES (Cap.3 - vers. 22)



Como agremiação político-partidária do cenário nacional o PTB é, sem dúvidas, um dos históricos que remontam aos antigos modelos de partidos que se formaram na era Vargas e sobrevivem até hoje. Uns de oposição, outros de apoio a Getúlio e às suas idéias.

Dentre as inúmeras façanhas do PTB, e dentre elas a de ter sobrevivido às mudanças institucionais e constitucionais pelas quais passaram o Brasil e o mundo no último século, note-se, com certo relêvo, o montante das conquistas sociais, as marchas e as contramarchas que marcaram a existência do partido que se revestiu do trabalhismo, bandeira oportuna erguida no momento em que o país entrava numa fase de industrialização e experimentava conseqüente "abandono" do campo e de suas coisas. Às velhas ligas camponesas e suas lutas por um campesinato mais forte opuseram-se as lides operárias, rapidamente formadas em torno das grandes cidades (leia-se São Paulo, Rio e Minas, principalmente) engendradas na nova ordem econômica que se formava, oriundas dos modelos europeus sindicais e anarquistas, frutos por sua vez das lutas do pós-guerra, da reconstrução de unidades federativas independentes do nazi-fascismo recém-derrotado e impregnadas do discurso comunista-marxista, loa não à toa ao poder da emergente União Soviética bolchevista.

O cenário nacional não era exatamente o campo ideal para o plantio de idéias esquerdistas e a polícia getulista, reunida às pressas com a intenção de bloquear o avanço destas idéias, sob a coordenação de Filinto Müller, esmerou-se em dar caça aos opositores do regime, ao mesmo tempo em que se formatavam partidos políticos de sustentação ao projeto de Vargas a partir de políticos do porte de Alberto Pasqualini e Santiago Dantas. Note-se, contudo, que a idéia de industrializar o Brasil obedecia a uma imposição do novo conjunto de regras da economia mundial, liderada pelos USA e aliados, e que desobstruía definitivamente a resistência dos países do eixo (Alemanha, Itália e Japão) e seus apoiadores, muito mais do que representava a visão de estrategista ou de estadista do Sr. Getúlio Vargas e de seus aliados.

Dentre estes partidos surge o Trabalhista em função das idéias aprovadas pelo ministério de então, forçado pelos efervescentes movimentos sindicais e operários a adotarem algumas medidas de assimilação destas forças populares e, talvez, numa visão um tanto mais idílica, oferecer-lhes pela via da legalidade parte de seus reclamos como modo de esvaziar-lhe o conteúdo oposicionista. O projeto trabalhista deu certo. Sob o mandato de Getúlio Vargas instituíram-se a carteira profissional, o 13º. Salário, o salário mínimo, salário família , férias remuneradas e outras garantias trabalhistas mantidas até hoje.

Surgia assim o PTB que atravessou os anos e chegou até Jânio Quadros quando "forças ocultas" passarem em revista as entranhas do palácio do Planalto e o afastaram sete meses e 25 dias após ser empossado presidente da República juntamente com seu vice João Goulart. De lá para cá a história é bem conhecida por todos. Não interessava mais um partido identificado com os trabalhadores e com tal capacidade de mobilização. A ditadura militar deixou suas marcas.

Em 1988, após a Constituinte que levou a população às ruas, o PTB reformulou-se e ressurgiu como força política expressiva no cenário político do país, principalmente em São Paulo, adotando medidas programáticas de cunho social e como partido de apoio aos diversos governos que se seguiram desde então, sem contudo se afirmar como força nacional. Manteve-se, entretanto, como elemento decisivo nas proposituras e postulações dos governos paulistas e exerce de fato influência constante na condução dos destinos do estado de São Paulo. Hoje, caminha firmemente para uma contundente cifra de filiados, quase na marca de um milhão de partidários, o que o torna, sem dúvidas, uma força considerável no equilíbrio mantido entre as forças que conduzem as ponderáveis relações do estado.

Apresenta-se atualmente como partido preocupado com questões sociais diversas, sem ter perdido seus referenciais históricos, e seus deputados têm apresentado projetos de lei que visam atender à crescente demanda de solicitações nesta área, numa clara demonstração de sua capacidade de adaptação aos novos tempos e suas vicissitudes.

Como deputado eleito pelo PTB tenho me preocupado em realizar projetos que privilegiem tais questões, e dos vários que já apresentei cito o que propõe um novo salário mínimo paulista, além de vários projetos de criação de fundos de aval para Cooperativas de trabalho, de habitação, de agricultura entre outros. Além disso tenho apoiado projetos para diminuir o desemprego como o que criou as frentes emergenciais de trabalho, um outro projeto que propõe assistência psicológica aos alunos das escolas públicas estaduais, outro que propõe assistência aos jovens drogados pela via da educação e da criação de cursos profissionalizantes, entre tantos feitos no primeiro biênio de minha legislatura.

O PTB é sem dúvida um partido moderno e dinâmico que soube aproveitar os fatos marcantes de sua história para fixar-se na sua tradição de lutas por conquistas sociais, e como deputado atuante tenho orgulho de pertencer aos seus quadros e de estar ao lado de homens públicos como o meu amigo e nobre deputado Campos Machado artífice do crescimento e líder do PTB paulista, o dr. Gastoni Righi, o dr. Barros Munhoz, o sindicalista Paulinho e outros nomes que engrandecem nossa sigla, nosso estado e nosso país.

alesp