São Paulo do novo milênio, através das lentes de Luiz Marinho

EMANUEL VON LAUENSTEIN MASSARANI
03/10/2002 16:46

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A cidade de São Paulo, vista por um viajante, surpreende por seu porte cosmopolita, riqueza arquitetônica e singularidade de contrastes entre o antigo e o novo no cenário urbano.

Com esse olhar, o fotógrafo Luiz Marinho procura retratar o que a cidade oferece de mais marcante, colocando o belo à frente das inúmeras mazelas urbanas e sociais. Desde 1999, registra com arte e perfeição técnica as construções históricas da Paulicéia. O edifício Martinelli, a Estação da Luz, a Catedral da Sé, o Museu do Ipiranga, entre outros sítios, foram objeto do interesse de suas longas caminhadas.

Inspirando-se no Álbum comparativo da cidade de São Paulo, 1862-1887, de Militão Augusto de Azevedo, esse fotógrafo pesquisador desejava realizar inicialmente uma exposição também comparativa, mas desta feita, de São Paulo entre dois séculos.

De um lado o progresso, que muitas vezes abafa a memória, de outro a agressão dos pichadores que insistem em serem artistas, impediram a Luiz Marinho de, por enquanto, levar avante esse objetivo. Entretanto, graças a sua juventude e a sua firmeza de propósitos, seguindo os passos do consagrado fotógrafo, poderá realizar a façanha comparativa entre 2000 e 2025, prestando assim um grande serviço à memória de nossa cidade.

As imagens reunidas na mostra realizada no ano passado sob o título São Paulo 2001, cinco das quais o artista fotógrafo ofereceu para o Acervo Artístico da Assembléia Legislativa estão destinadas a ocupar posição de destaque nos acervos públicos e nos de colecionadores da nobre arte da fotografia, sobretudo por sua fundamental importância com registro histórico da memória urbana da capital paulista no novo milênio.

Luiz Marinho nos oferece sim, um testemunho de sua capacidade, de seu propósito, de seu discernimento e de seu "metier", enfocando com sensibilidade edifícios, parques, teatros, ruas e ângulos que valorizam artisticamente seu cenário.

A riqueza do conjunto, permite que o observador não apenas desfrute esteticamente de imagens que escapam a nossa percepção, mormente quando a poluição visual de nossa "Paulicéia Desvairada", invade a nossa retina e nos deixa confusos. O trabalho de Luiz Marinho, que deverá ser perpetuado em álbum artístico, se constitui num verdadeiro ato de amor a São Paulo.

O Artista

Luiz Marinho, nasceu em São Paulo, em 1975. Começou a fotografar aos 8 anos de idade com a câmara que ganhou de presente da mãe. Filho de militar e de professora, fez seu primeiro curso de fotografia aos 14 anos, no Senac.

Após este início, começou a trabalhar e desenvolver a fotografia como principal ocupação, realizando, aos 18 anos, sua primeira exposição fotográfica. Em 1996, aos 21 anos, realizou em conjunto com Ocimar Borges, companheiro de profissão e laboratorista, o importante registro do dia-a-dia do Regimento de Cavalaria 9 de Julho, da Polícia Militar do Estado São Paulo, do qual seu pai, anos antes, havia servido como major de Cavalaria.

Devido à importância desse trabalho, realizou no ano de 1998 exposições na sede do Comando Militar do Sudeste, no Clube Paulistano, no Parque da Água Branca e no próprio Regimento.

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