Opinião - A força da mulher


10/03/2010 15:59

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Neste 8 de março, comemoramos 100 anos da criação do Dia Internacional das Mulher. Há um século, a data nos une e incentiva. Com perseverança e garra, a cada dia a mulher derruba barreiras, conquista novos espaços e mostra sua coragem e força de luta.

Somos guerreiras! Com Lula presidente, conquistamos a Secretaria Nacional das Mulheres e a Lei Maria da Penha, contra a violência doméstica e familiar.

Avançamos muito, mas outras lutas exigem nossa mobilização. É preciso combater a desigualdade salarial, a dupla jornada de trabalho, a violência sexista, o assédio moral, a falta de assistência à nossa saúde e muito mais.

As conquistas já consolidadas, fruto da luta e persistência dos movimentos organizados e de valentes companheiras, ainda são insuficientes para promover a mudança nas relações de gênero em nosso país. A igualdade entre homens e mulheres é um sonho a ser alcançado!

Precisamos fortalecer, ainda mais, nossa organização. É fundamental ocupar os espaços de poder, sejam eles em nosso bairro, nas escolas, em sindicatos, nas câmaras e prefeituras. Na presidência da república, precisamos da força de uma mulher!

Apesar de maioria do eleitorado, estamos longe da proporcionalidade nos cargos eletivos. O mundo da política ainda exclui as mulheres. Nas eleições municipais de 2008, apenas 9,02% das 5.042 cidades elegeram prefeitas, em todo o Brasil. As vereadoras eleitas foram somente 12,52%.

Na câmara federal, ocupamos 9% das vagas e, nas assembleias legislativas, somos aproximadamente 12%. Precisamos avançar, afinal, são os governos e parlamentos que definem as políticas públicas. Precisamos participar das discussões e decisões!

No mercado de trabalho, a situação de exclusão também se perpetua. O estudo Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, de 2007, revelou que apenas 52,4% da população feminina estava ocupada ou à procura de emprego, contra 72,4% dos homens.

A situação da mulher negra é ainda mais cruel, com taxa de desemprego de 12,4%, contra 9,4% para mulheres brancas, 6,7% para homens negros e 5,5% para homens brancos. Com um agravante: renda equivalente a 34% do rendimento médio dos homens brancos.

Na área da saúde, a incidência da Aids entre mulheres acima de 50 anos mais que triplicou, nos últimos anos. Embora tenha sido constatado em pesquisas o alto nível de informação das mulheres infectadas em relação à transmissão da doença, em nossa sociedade machista são os homens que determinam as formas de prevenção nas relações sexuais.

Em todas as áreas, a desigualdade entre os sexos continua presente em nossa sociedade, fazendo com que as mulheres, e mais ainda, as mulheres negras, continuem vivendo como cidadãs de segunda ou terceira categorias.

Promover ações em busca da igualdade racial e de gênero é obrigação de toda a sociedade. Como representante da população na Assembleia sei que minha responsabilidade é ainda maior. Por isso, tenho feito de meu mandato um instrumento de luta contra todas as formas de preconceito e discriminação.

Sou autora de 15 leis e projetos de lei que definem políticas de defesa dos direitos da mulher. Também coordeno a Frente Regional pelo Enfrentamento da Violência contra a Mulher.

Somente com muita luta, união, perseverança e, acima de tudo, compromisso, acabaremos com todas as formas de preconceito e as desigualdades de gênero e raça ainda existentes no Brasil. Unidas, conquistaremos uma sociedade mais justa, fraterna e melhor para todos, homens e mulheres.



*Maria Lúcia Prandi é deputada estadual pelo PT.

alesp