Agora vai

OPINIÃO - Donisete Braga*
11/11/2002 16:40

Compartilhar:


Pouco se falou nela, mas merece atenção uma pesquisa realizada pelo Idesp

-- Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo --

apontando que a elite brasileira está sensível e quer a redução das

desigualdades. Ao ouvir 500 líderes de vários setores nacionais espalhados

por cinco grande regiões brasileiras, o Idesp anotou que a grande maioria - 74%

- acredita que é necessário implementar uma política de redistribuição de

renda e patrimônio. E o que é melhor: 59% deles acham que a redução das

desigualdades é absolutamente possível. Esse, sem dúvida, é o grande

desafio de Lula presidente. Bom, se a clásse média sempre quis, os pobres

nem se diz e a elite diz sim, agora vai.

A elite brasileira sempre foi muito resistente a mudanças. A história

registra grandes embates, por exemplo, contra a libertação dos escravos sob

o argumento de que o país não estava preparado para tal; que a idéia da

princesa era uma imaturidade. Para quem está dominando, mudar é

indesejável, traz intranqüilidade, exige novos esforços. Mas foi exatamente

para mudar o Brasil que mais de 52 milhões de eleitores elegeram Lula

presidente. Portanto, tem ele toda legitimidade para implementar as mudanças

necessárias.

É fato que a análise do desempenho do país na área social, durante a

década de 90, aponta alguns avanços na área de saúde, educação e qualidade

de vida, mas houve fracasso no combate à violência e a desigualdade social.

Dados oficiais apontam a existência de 9,3 milhões de famílias ( 34,8

milhões de pessoas) com renda per capita de até meio salário mínimo.

Nossa realidade é vergonhosa e todos os que tem compromisso com paz,

humanidade, solidariedade e justiça social devem se dar as mão neste

momento. E deve se ter um mínimo de paciência, pois os resultados não serão imediatos. Por outro lado, o sábio povo brasileiro decidiu dar mais uma

mão a Lula e aumentou sua bancada de sustentação no Congresso Nacional com

a eleição de 91 deputados e 14 senadores do PT.

Voltando à pesquisa do Idesp, é oportuno também mencionar o otimismo dos

líderes entrevistados no tocante ao desemprego, uma questão primordial a

ser atacada pelo futuro governo. Para 73% deles, é possível reduzir o

desemprego dos atuais 8% para um patamar de 5%, assim como sustentar um

crescimento econômico entre 4% a 5% ao ano. Neste aspecto é importante que

o futuro governo adote mecanismos capazes de atrair trabalhadores que estão

na informalidade, oferecendo-lhes uma digna proteção previdenciária. Hoje,

de cada dez trabalhadores, seis estão excluídos da previdência social.

Ninguém mais duvida, nosso futuro será melhor. É assim que a sociedade

brasileira está analisando o cenário de véspera do futuro governo. Outra

pesquisa, a da CNT/Sensus, feita no início do mês de novembro, confirma o

otimismo ao destacar que 71% dos eleitores acredita que o governo será

ótimo ou bom e a maioria está disposta a se sacrificar para colaborar.

Antigamente ninguém se dispunha a sacrifícios, mas se hoje as pessoas estão

dispostas a isso. E uma disposição dessas não é pouca coisa, significa que

o brasileiro confia no futuro governo, sabe que desta vez será diferente,

que as coisa realmente vão mudar para melhor.

O PT amadurecido, com mais de 20 anos de história e muita experiência,

tanto legislativa quanto administrativa, tem hoje todas as condições para e vai

mudar este país. Lula tem uma grande capacidade de negociação, fator

bastante positivo neste cenário, e vem se empenhando pelo pacto social

envolvendo governo, empresários e trabalhadores, abrindo um canal direto

com a sociedade civil na tentativa de produzir consensos para a

"revolução". Uma revolução onde a arma utilizada será o diálogo franco e

aberto com a sociedade brasileira.

Donisete Braga é deputado estadual pelo PT/ Mauá

alesp