Mariângela Duarte conclama autoridades a investigar Cosipa


24/11/2000 16:15

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No plenário da Assembléia Legislativa, a deputada Mariângela Duarte (PT) fez, nesta quinta-feira, 23/11, um pronunciamento sobre a morte de um trabalhador atropelado na área da Cosipa, denunciando "os descalabros no trato com a vida dos trabalhadores". Ela pediu para que constasse da ata dos trabalhos da Assembléia a carta entregue a ela pelo Sindicato dos Metalúrgicos. Mariângela Duarte (PT) disse que todas as autoridades devem se unir para atender ao apelo do Sindicato dos Metalúrgicos, que exige dos órgãos competentes (fiscalização e Ministério do Trabalho) uma apuração rigorosa e imediata das denúncias de péssimas condições de trabalho na área da Cosipa. Às 8h30 desta quinta-feira, Francisco Ferreira da Silva, 25 anos de idade, que prestava serviço à Integral Engenharia, foi atropelado pelo carro apagador, na área da coqueria da Cosipa, sofrendo esmagamento craniano. Seu corpo foi liberado às 11h16.

Na quarta-feira, 22/11, a deputada havia encaminhado ao secretário estadual de Trabalho, Walter Barelli, e às demais autoridades afins ofícios, com carta anexa do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Uriel Villas Boas, pedindo empenho de todos os parlamentares e prefeitos da Região Metropolitana da Baixada Santista para repudiar a atitude da presidência da Cosipa de impor, sob ameaça aos trabalhadores, o turno fixo de 8 horas, recusado em assembléia, cuja decisão tem o respaldo da Justiça do Trabalho. "A essência da relação capital/trabalho na Cosipa está totalmente equivocada. Tantos e vergonhosos acidentes na empresa são um crime. Resultado, certamente, da instabilidade e falta de segurança imposta aos trabalhadores, que são levados à exaustão física e ao esgotamento emocional", adverte Mariângela.

"Nem os trabalhadores responsáveis pela segurança, na Cosipa, têm treinamento e especialização. Empregados de empreiteiras estão sendo submetidos a tal responsabilidade sem o devido preparo," lembra a deputada.

"A Cosipa, sem qualquer comunicado ou novas negociações, passou a contratar empreiteiras para atividades terceirizadas, impondo as contratações de empregados para trabalharem em turno fixo. Medida que foi estendida aos cosipanos, em seguida", informa a carta do Sindicato dos Metalúrgicos. No turno fixo imposto, o empregado trabalha oito horas, no mesmo horário, sem revezamento. São seis dias consecutivos, com duas folgas, e apenas depois de dois meses é possível passar um final de semana com a família. Os empregados que fazem turnos de revezamento, numa escala de seis horas diárias, trocando de horário a cada três dias, com folgas de até 90 horas, passa um domingo com a família a cada mês.

Audiência. A deputada, que há meses vem solicitando vistoria na empresa em função das denúncias relativas ao benzenismo e dos constantes acidentes (inclusive fatais) de trabalho, estava aguardando desde o final de outubro o agendamento do presidente da Cosipa, Omar da Silva Júnior, para discutir o assunto com os dirigentes sindicais. Na quarta-feira, a deputada recebeu resposta da Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho ao ofício de sua autoria, que pedia vistoria na Cosipa e em outras empresas de Cubatão, em virtude do risco à integridade física e à saúde dos trabalhadores.

O chefe de Gabinete da Secretaria, Marcos de Andrade Távora, respondeu à deputada que acionasse o Sindicato dos Metalúrgicos para solicitar diretamente a fiscalização da Secretaria Estadual, pois "não podemos fiscalizar a Cosipa, o problema citado está sendo acompanhado pela Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo. Temos que evitar a "dupla fiscalização", atesta Távora. Tão logo obteve a instrução contida no ofício, imediatamente, a assessoria encaminhou o documento à Diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos, via fax, que contém a sugestão da Coordenação de Políticas de Relações do Trabalho de dirigir pedido diretamente à Secretaria. O contato foi reiterado, também, por telefone, com o diretor José Carlos, informa Mariângela.

Comissões. Em 30 de outubro último, a deputada Mariângela solicitara, também, junto às Comissões Permanentes da Saúde e do Trabalho da Assembléia Legislativa, uma reunião urgente e conjunta das comissões a fim de buscar soluções e definir mecanismos eficientes que garantam a segurança e a preservação da saúde e da vida do trabalhador. A deputada informa que ainda não obteve resposta de agendamento.

(Mais informações, ligue para o gabinete da deputada Mariângela Duarte - 3886-6548/6553)

alesp