Conferência mundial discute o futuro do álcool combustível


24/10/2002 19:09

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DA ASSESSORIA

O deputado Arnaldo Jardim (PPS), coordenador da Frente Parlamentar pela Energia Limpa e Renovável da Assembléia Legislativa de São Paulo, presidiu o painel "A Relação entre o Álcool Combustível de Biomassa e o Meio Ambiente: Novas Abordagens", realizado no último dia 22, como parte do Ethanol Day - II Conferência Internacional: A Internacionalização do Álcool Combustível.

Na ocasião, autoridades mundiais debateram o papel estratégico do álcool combustível brasileiro como fonte de energia renovável nas matrizes energéticas e as ações necessárias para levá-lo à condição de commodity internacional.

Durante a conferência, Eduardo Carvalho, presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Única), afirmou que o álcool combustível é alternativa energética importante para o Brasil e países que produzem cana, beterraba e cereais, entre outras matérias-primas, mas existe resistência à importação do produto por parte da União Européia e dos Estados Unidos, representados no encontro por Sip de Vries, presidente de uma associação européia de produtores rurais, e Bob Dinneen, presidente da Renewable Fuels Association, dos Estados Unidos. Ambos se mostraram interessados em aumentar a renda de seus próprios produtores por meio do incremento da produção agrícola para o fornecimento de álcool combustível. "O Brasil pretende negociar o álcool num ambiente de livre mercado, sem as barreiras existentes atualmente", disse Carvalho. Ele observou que o Brasil - que no ano passado exportou 400 milhões de toneladas - pode ajudar os demais países a garantir o abastecimento de álcool.

No evento, diversas personalidades do setor discutiram os contratos futuros de álcool, criados pela Nymex - a maior bolsa de energia do mundo. Esses contratos serão importantes para o Brasil, pois contribuirão para dar mais evidência ao produto. Isso poderá atrair investimentos estrangeiros e fixar no mercado uma referência de preços internacionais.

Para Luiz Carlos Corrêa Carvalho, que representou a Canaplan, é visível o crescimento do consumo de álcool combustível em países da Ásia, China e Tailândia, onde o crescimento econômico elevou a demanda por carros e, conseqüentemente, a emissão de poluentes.

A mesa coordenada por Arnaldo Jardim contou com a participação do secretário de Políticas Industriais do Ministério da Ciência e Tecnologia, Maurício Mendonça, e da coordenadora da Câmara de Mudanças Climáticas do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, Laura Tetti.

Durante sua intervenção, Jardim destacou o dinamismo e a pujança do setor sucroalcooleiro e questionou os palestrantes sobre a participação da energia limpa e renovável no comércio mundial e os resultados obtidos na Cúpula Mundial do Desenvolvimento Sustentado (Rio + 10), realizada em Johannesburgo, África do Sul.

Mendonça ressaltou que o setor tem produtos inovadores, o que favorece a abertura do comércio internacional. Como exemplo, citou a co-geração de energia a partir do bagaço da cana, a mistura álcool/diesel, o flex fuel (veículos que rodam com álcool e/ou gasolina), o biocombustível e a célula combustível. "Estamos vivendo um contexto favorável para o setor, que poderá ser potencializado por meio da cooperação entre o governo, as empresas e as instituições de pesquisa", afirmou o secretário.

Por sua vez, Laura Tetti contou aos presentes como foi a bem-sucedida negociação de créditos de carbono realizada entre Brasil e Alemanha, durante a Rio + 10. "O petróleo é responsável por mais de 90% da degradação ambiental do planeta, o que evidencia a necessidade da ratificação do Protocolo de Kyoto. A boa notícia é que essa conversão energética não depende dos Estados Unidos e já está sendo operada", afirmou.

Prêmio

O deputado Arnaldo Jardim recebeu o prêmio MasterCana, na categoria destaque do setor, ao lado de personalidades consagradas do segmento sucroalcooleiro. Durante a premiação, o deputado anunciou a realização de um encontro organizado pela Frente Parlamentar pela Energia Limpa e Renovável para debater o tema "A Participação da Energia Renovável na Matriz Energética". Nesse evento deverá ser lançado manifesto sobre a questão, aproveitando o fato de que o futuro presidente da República e o governador de São Paulo ultimam seus programas de governo.

alesp