Sarro: respeito à dignidade do homem do campo através de um espírito de brasilidade e lirismo


05/10/2009 14:34

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Sarro conhece bem quão duro é o labor da terra, o cansaço do camponês, a exclusão da cultura, a forte personalidade desses homens que labutam de sol a sol e dessas mulheres que, além de criar os filhos, trabalham com os pais, os maridos e os irmãos, sem pedir nada a mais do que "respeito" à própria dignidade.

A temática desse artista é sempre um aprofundamento ideológico, levado que é a uma busca "filosófica" de seus personagens, na maioria homens do campo. Sua humildade na escolha dos temas é orgulhosa ao limite do desafio.

Como o próprio artista, os personagens não esboçam sorrisos, mas não são propriamente tristes, pois transmitem uma profunda doçura que encontramos impregnada em seus rostos: e mais parecem o retrato da timidez e da tranqüilidade.

Para Sarro, a poesia tem sua base na terra e no homem do campo. Por isso é sintomática a importância que tem sua infância em Dracena para sua formação e, portanto, para sua arte. As mãos e os pés desses personagens, que se tornam quase símbolo da existência de seus conterrâneos homens do campo, constituem um emblema, cheio de motivações de uma humanidade relegada a fadigas e a pálidas esperanças.

O pintor confia às imagens vigorosas e verdadeiras desses seres uma representação épica e popular, que tem o odor da terra e dos locais de trabalho. O equilíbrio da diversidade cromática na obra de Sarro encontra de fato o mais completo resultado na realidade do desenho e em particular na força de suas figuras.

A cor não é somente um aparato determinado pela emoção interior, mas sobretudo uma conotação exterior- interior da dimensão humana. Sua predileção pelo azul cobalto nos faz lembrar a fase azul de Picasso acrescida de rosa, vermelho, verde turquesa ou violeta.

A obra "Espelho Encantado", doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, demonstra a autenticidade do artista e sua unidade integral como ansiedade de uma correspondência absoluta entre os valores morais e a forma, a vida e as imagens



O Artista



Sarro, pseudônimo artístico de Adélio Sarro Sobrinho, nasceu em Andradina em 1950, filho de imigrantes de origem italiana e portuguesa. Desde a mais tenra idade manifestou seus dons para as artes. É pintor, escultor e vitralista.]

Dos 9 aos 14 anos ajudou seu pai na lavoura, após o que, com a intenção de se tornar religioso, freqüentou o Seminário Seráphico São Fidelis, em Piracicaba. Entretanto, suas inclinações artísticas foram mais fortes e, abandonando a idéia inicial, passou a se dedicar às artes, influenciado por uma visita que fez ao Museu Portinari, em Brodowski.

Sua trajetória iniciada na Praça da República, em São Paulo, teve seqüência através das exposições que realizou em renomadas galerias dos Estados Unidos, Japão, Austrália, Itália, Alemanha, Suíça, Bélgica, Noruega, entre outros, que o tornaram rapidamente conhecido pelo mundo todo.

Foi catalogado no Annual Report of Art International, de Julio Louzada, no Latin American Annual Report, no Art and Culture World Economic Fórum de Davos (1999) e em "Italia Brasil - Arte 2005", pela Galeria Spazio Surreale e o Instituto de Recuperação do Patrimônio Histórico no Estado de São Paulo.

Três livros já foram dedicados ao artista: "11 Caminhos" (1987), "Retrospectiva Sarro, 20 Anos" (1992), "Sarro, o brasileiro global", de André Parinaud (2001). O livro "Pensamentos, formas e cores" foi lançado por ocasião da abertura de sua exposição no Espaço Cultural V Centenário na Assembléia Legislativa. Possui obras em diversas coleções particulares, oficiais, no Brasil, no exterior e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

alesp