Opinião - Enfrentamento ao crack


30/03/2011 18:55

Compartilhar:


O crack avança. Está em nossas médias e pequenas cidades do interior e até no campo. Dados do Ministério da Saúde apontam que 600 mil pessoas são usuárias da droga no país. Especialistas no assunto dizem que o crack altera não apenas a vida do viciado, mas de toda a sociedade do entorno - uma triste verdade - e alerta também que as pessoas estão se acostumando a ver viciados fumando crack assim como se acostumaram a ver a pobreza. Estimativas são de que o consumo do crack leve cerca de 300 mil pessoas à morte nos próximos seis anos.

De tão dramático, o tema chegou a ser destaque na última campanha eleitoral. No final do ano passado, a Confederação Nacional dos Municípios patrocinou uma pesquisa cujo resultado mostrou um quadro alarmante: o consumo do crack se disseminou em mais de 3,8 mil dos 5,5 mil municípios brasileiros.

O combate ao crack é preocupação do governo da presidente Dilma, que prepara um grande plano nacional destinado a este enfrentamento. A ideia é aprofundar o plano lançado no ano passado pelo presidente Lula.

O governo federal, já este ano, anunciou a implantação de 49 Centros Regionais de Referência em Crack e outras Drogas. Os centros - que funcionarão nas universidades - vão capacitar profissionais da saúde e educação que atuam com o tema da dependência química. O governo federal também aumentou o número de leitos do SUS para atender os dependentes da droga.

É preciso esforço para aumentar o número de CAPs (Centro de Atenção Psicossocial) do Ministério da Saúde. E voltando à pesquisa da CNM, ela constatou que estes centros estão em 81 cidades das 520 consultadas em nosso Estado, que têm 645 municípios. Outras 221 cidades desenvolvem ações por conta própria.

O governo de São Paulo, apesar de ter engordado seu orçamento em R$ 9 bilhões com aumento da arrecadação no ano passado, não tem grandes esforços nesta área. Dos municípios consultados pela CNM, apenas dois disseram que contam com apoio do governo estadual.

É preciso, portanto, um grande esforço dos poderes públicos para enfrentar este mal que atinge, principalmente, os jovens. É preciso, além de investimento público, carinho e atenção para com os dependentes e suas famílias. Universidades, entidades e organizações governamentais têm um papel importante e que deve ser reforçado.

Há muitas portas de saída para o vício da droga. Muitos se recuperam, já provaram estudos de nossas universidades. Temos que abri-las, escancará-las, atender a demanda e, por outro lado, combater a entrada de drogas por nossas fronteiras, medida que pode ser fortalecida também por meio de parcerias entre União, estados e municípios.

Aliás, essa medida torna-se ainda mais estratégica devido à recente mudança de perfil dos jovens infratores em nosso Estado. O tráfico de drogas agora lidera a internação dos adolescentes da Fundação Casa, especialmente no interior do Estado.

Temos, assim, grandes desafios pela frente, nas áreas de segurança pública e saúde, principalmente. São estes desafios que nos movem a realizar na Assembleia Legislativa de São Paulo, na próxima terça-feira, 5/4, o Seminário Paulista de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas em parceria com a Confederação Nacional dos Municípios. Sua participação é muito importante.



*Donisete Braga e Enio Tatto são deputados estaduais pelo PT.

alesp