Violência nas escolas é tema de debate na Assembléia Legislativa

"Política de mordaça" colabora com a violência das instituições públicas de ensino, afirma deputado
27/09/2001 08:45

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DA ASSESSORIA



"A escola possui uma estrutura falida e autoritária", afirmou o deputado Vanderlei Siraque (PT), durante audiência pública realizada nesta quarta-feira, 26/9,

na Assembléia Legislativa, para debater a violência escolar em São Paulo. Para o deputado, a secretária estadual da Educação - que não compareceu à audiência nem enviou representante - aplica uma "política de mordaça", pois proíbe os diretores e professores de falar sobre fatos que ocorrem dentro de suas unidades. "A escola estadual é pública; portanto, tudo o que acontece dentro dela deve ser tratado publicamente", declarou Siraque, que tomou a iniciativa de promover a audiência, por meio da Comissão de Segurança Pública.

Pesquisa realizada em 2000 pelo Sindicato dos Especialistas do Magistério Oficial do Estado de São Paulo (Udemo) revela os números da violência nas escolas. Segundo o presidente da entidade, Roberto Augusto Torres Lemos, que participou da audiência, dos 496 estabelecimentos estudados, 81% sofreram algum tipo de violência; em 4% houve morte de alunos. "O tráfico e o consumo de drogas aumentaram em relação a 1999 e aparecem em 24% das escolas pesquisadas", disse Lemos.

Para o pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), Eduardo Brito, os conselhos de escola devem ser formados com a participação de toda a comunidade escolar. "Não adianta ter um conselho formado só pelo corpo docente, pois sua existência não tem sentido", declarou.

A falta de integração entre a escola e a comunidade foi abordada pela

secretária de Políticas Sociais da Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Rita de Cássia Cardoso. Para ela, a escola desrespeita a comunidade ao impedir sua participação nas atividades escolares.

O diretor do Departamento de Investigações sobre Narcotráfico (Denarc), Marco Antônio Ribeiro de Campos, propôs a formação de um núcleo multidisciplinar com a participação do Ministério Público, de secretarias do Estado e universidades, para o atendimento de usuários de drogas. A desinformação é um dos fatores que acaba levando uma pessoa ao uso de drogas, ele acredita. "Ou as pessoas estão sendo mal informadas ou a prevenção não está sendo feita corretamente, pois o número de usuários hoje é muito grande" afirmou.

alesp