É com esta indignação que a professora Rose Neubauer, secretária estadualda Educação, tem participado de palestras e debates em que explica asgrandes mudanças na legislação brasileira que resultaram na implementaçãodos ciclos de aprendizagem nas redes de ensino de diversos Estados emunicípios do país. Comandadas pelos mais diferentes partidos políticos,todas estas administrações - incluindo as do PT em Belo Horizonte, PortoAlegre, São Paulo e, recentemente, Guarulhos - adotaram comocorreto e benéfico para seus alunos o regime de progressão continuada.Para chegar a isso, o Congresso Nacional, por intermédio dos deputados esenadores, realizou um processo amplo e irrestrito de debates que resultouna elaboração e aprovação, em 1996, da Lei de Diretrizes e Bases daeducação brasileira, instituindo o ensino organizado em ciclos.Em São Paulo, o sistema de ciclos começou em 1998, após a implantação deuma série de medidas que as outras administrações citadas acima deixaram derealizar. Mesmo antes de ser adotada a progressão continuada, os índices de evasão e de reprovação em São Paulo já haviam sido derrubados pela ação renovadora e corajosa do governo do PSDB, implantando as 5 horas diárias de aula durante 200 dias letivos, aulas de recuperação e reforço para todos os alunos com esta necessidade, pagamento de horas de trabalho pedagógico para professores, a presença de coordenadores pedagógicos em todas as escolas, recuperação nas férias e várias medidas voltadas para corrigir a defasagem idade/série dos alunos como as classes de aceleração, que receberam prêmio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 1998.Vale a pena conferir os resultados destas medidas, na prática. Em apenasquatro anos, de 1995 a 1998, a evasão escolar no ensino fundamental caiu de9,1% para 4,6%, o índice de reprovação caiu de 11,7% para 2,0% e, enquantoisso, o índice de aprovação subiu de 79,2% para 93,4%. No mesmo período, aação do governo do PSDB no Estado de São Paulo, no ensino médio, resultouna queda de evasão escolar de 21,2% para a marca de 10,8%, o índice dereprovação caiu de 8,2% para 3,6% e, ao mesmo tempo, a taxa de aprovaçãosaltou de 70,6% para 85,6% - conforme atestam os dados do Centro deInformações Educacionais do Estado.Passados todos esses anos e consolidadas essas medidas, é absolutamente extemporânea e oportunista a iniciativa do deputado estadual, eleito pelo PT, Carlinhos Almeida, propondo a suspensão do regime de progressão continuada em São Paulo. O deputado parece querer reforçar a imagem de que seu partido cobra dos outros o que não consegue dar de exemplo quando está no poder. Se realmente acha que os ciclos de aprendizagem não funcionam - e para fundamentar não apresenta argumentos, apenas uma enquete realizada com menos de 5% dos professores da rede estadual - deveria mobilizar suas lideranças que estão em cargos executivos para que dessem o exemplo.Contraditório, o deputado também afirma que o Conselho Estadual de Educaçãoestabeleceu os fundamentos e definiu as normas para a instituição do regimede progressão continuada, mas que a Secretaria da Educação de São Paulo nãoobservou estas orientações. Com base em que o nobre deputado faz estaafirmação? Ele questionou o Conselho sobre isto? E afinal, ele é a favor oucontra o regime de ciclos? E se é a favor para os locais onde o PT governae contra onde isto não ocorre, poderia não ser tão apressado e autoritário(a gestão da educação no Estado não é de sua competência) e ter pesquisadoporque o PT não tem investido em ampliar a jornada dos alunos para 5 horasou dar aulas de recuperação e reforço, inclusive nas férias escolares, ondeé governo.Na pressa de apresentar o projeto de lei, o parlamentar aproveitou aindapara solicitar que fosse suspenso o Sistema de Avaliação de RendimentoEscolar do Estado de São Paulo (Saresp), constituído por provas em que severificam as condições de aprendizagem dos alunos e que é um importanteinstrumento na gestão do ensino em São Paulo.Também errou ao concluir que no nosso Estado os alunos não realizamtrabalhos escolares. Ora, eles são avaliados sistematicamente por meio deprovas e trabalhos, além de ter sua presença às aulas acompanhada comrigor. As avaliações são realizadas desde 1996. E um teste mais rigoroso élevado às classes após os dois ciclos (da 1ª à 4ª série, e da 5ª à 8ª série). Na prática, seria como avaliar os grupos que terminaram o antigo primário e ginasial. Caso a avaliação constate que o aluno não está apto, ele terá um ano de revisão de todo o ciclo.E vale mais uma pergunta lançada pela secretária Rose aos pessimistas deplantão: afinal, a quem interessa o sistema de reprovação e exclusão socialque elimina a auto-estima de nossos jovens e faz com que eles se sintamincapazes de vencer os desafios que a vida lhes impõe?Ao longo de quase sete anos, a administração Covas-Alckmin tem feito umaverdadeira revolução na área da educação. Só não vê quem não quer ou temoutros interesses. Todos os indicadores nacionais sobre educação mostramque São Paulo é o Estado melhor posicionado. E esses resultados nãoaconteceram gratuitamente. Exigiram esforço, muito trabalho e uma políticaeducacional articulada, conseqüente e que envolveu toda a comunidade escolar.Os frutos dessa política estão sendo colhidos: nos últimos seis anos, osinvestimentos do governo do Estado em educação desencadearam diversas açõesdentro do Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio, permitindo ainclusão de mais 800 mil alunos na rede - ela passou a atender mais de 2milhões de alunos, para um total de 1,2 milhão registrados em 1995. Paraatender à ampla clientela, dezenas de ações estão sendo reforçadas ouimplantadas, como o Projeto Profissão, com recursos de 50 milhões dereais, cujo objetivo é auxiliar a preparação profissional do jovem; orepasse de 30 milhões de reais para que as próprias escolas compremmaterial pedagógico e o Projeto Leia Mais, com investimentos de 20 milhõesde reais para a aquisição de 3 milhões de livros paradidáticos, incrementando o acervo das bibliotecas da rede.Muito já fizemos na área educacional, mas recuperar o setor no país e noEstado exige organização, planejamento e clareza quanto às prioridades. Por isso estamos agindo com programas específicos como extensão deformação universitária a todos os professores da rede pública estadual, da1ª à 4ª série, e ampla programação para os jovens - da ampliação delaboratórios de informática nas escolas à reforma e adequação de quadraspoliesportivas e adoção de programas que têm como objetivo estimular aleitura. Consolidando todas estas ações, temos a adequação, reforma eampliação das escolas em todo o Estado, num cronograma bem montado e cuja aplicação está sendo acompanhada por todos - pais, alunos e professores.*Edson Aparecido é deputado estadual e presidente regional do PSDB de SãoPaulo