Opinião - A situação precária dos aeroportos


11/04/2011 17:39

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Apresentei na semana passada a Indicação 284/2011, dirigida à presidente da República, Dilma Rousseff, para que determine com urgência à Secretaria de Aviação Civil a realização de estudos para ampliar, modernizar e reorganizar os aeroportos paulistas administrados pela Infraero.

Como estamos cansados de saber, a situação dos aeroportos em todo país é muito ruim e, caso não sejam adotadas providências imediatas, deverá se tornar caótica na Copa do Mundo de 2014, quando o tráfego aéreo no país, segundo estimativas de especialistas, crescerá quase 50%. A previsão é de que os 16 aeroportos das cidades-sede da Copa chegarão a 2014 com um déficit de 30% em sua capacidade operacional.

Entre as medidas primordiais, os técnicos apontam a necessidade de maior número de guichês de check-in, única maneira de se reduzir as filas quilométricas. Além disso, é imprescindível acabarmos com a superlotação nas salas de embarque, uma vez que para os passageiros terem o mínimo de conforto não pode haver mais de uma pessoa por metro quadrado.

Sem contar a demora na retirada de bagagens, principalmente pelo fato de que as esteiras são obsoletas e não atendem à demanda. Por elas passam em média 600 bagagens por hora, enquanto nos grandes aeroportos do exterior o ritmo chega a aproximadamente 2 mil malas por hora. Para piorar, sofremos ainda com a falta de vagas para os aviões nos pátios, o que leva os usuários desse tipo de transporte a ficarem praticamente de castigo na aeronave à espera de espaço para o desembarque.

Em Guarulhos, um problema crítico é o fluxo de passageiros que chega do exterior. Primeiro formam-se longas filas no setor de imigração para apresentar o passaporte aos agentes da Polícia Federal, que têm apenas 20 guichês para essa finalidade, enquanto em Seul, por exemplo, existem 120 postos de inspeção de passaportes.

Depois, nova fila se forma na alfândega, para a entrega de uma "papeleta nada a declarar" à Receita Federal. Ao todo, se pode levar duas horas entre cruzar a porta do avião e sair do terminal. Além disso, mesmo que as autoridades resolvessem agilizar o desembarque em Guarulhos, faltaria espaço físico para ampliar as instalações da Polícia Federal e da Alfândega. Esse problema poderia ser resolvido, pelo menos em parte, por meio da construção do terceiro terminal do aeroporto, já previsto, mas que até hoje não saiu do papel.

Em matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, no dia 18/4/2010 " há quase um ano, portanto -, a Infraero afirmava que o projeto básico para o terceiro terminal de Cumbica, obra mais importante para ampliar a capacidade operacional do aeroporto, estava em fase final de licitação. Até agora, entretanto, nada saiu do papel.

Por conta disso e da tradicional morosidade do governo federal em resolver questões cruciais de infraestrutura de nosso país, decidi apelar à presidente Dilma, que em março editou a Medida Provisória 527, conferindo à Secretaria de Aviação Civil atribuições até então exclusivas do Ministério da Defesa. Espero que algo seja feito, pois, diante da proximidade da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, corremos o risco de protagonizar uma crise sem precedentes na história do transporte aéreo internacional.



*Aldo Demarchi é deputado pelo DEM e 2º secretário da Mesa da Assembleia Legislativa

alesp